15ª Parada Gay da Bahia reforça poder afirmativo
A 15ª Parada Gay da Bahia pintou as ruas do centro de Salvador com as cores da diversidade neste domingo (11), dia de festa e protesto LGBT. Milhares de pessoas participaram do desfile, iniciado no Campo Grande, percorrendo as ruas da Avenida Sete de Setembro, Praça Castro Alves, Carlos Gomes, fazendo o retorno ao local de partida. Com o tema “Viver sem violência é direito de travestis e pessoas trans”, o evento concluiu a V Semana da Diversidade LGBT, com reivindicações de espaço social e de fala a travestis, mulheres e homens transexuais que sofrem com a violência.
Mais uma vez, as atividades foram apoiadas pelo Governo do Estado. A administração pública estadual patrocinou seis dos oito trios do cortejo e contribuiu para o fortalecimento do poder afirmativo da população LGBT, com a realização da II Semana Fora do Armário, repleta de debates sobre políticas sociais inclusivas, cultura, identidade e manifestações artísticas, desde o início deste mês. “O Governo já realiza diversas ações contra a homofobia, racismo e a intolerância religiosa. Nós defendemos a vida, a ordem pública e o respeito às individualidades”, destacou o titular da SJDHDS, Geraldo Reis.
O evento foi realizado pelos Grupos Gay da Bahia (GGB) e Quimbanda Dudu, e contou com o apoio das secretarias estaduais da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), da Saúde (Sesab), de Cultura (Secult) e de Turismo (Setur), além da Superintendência de Fomento ao Turismo (Bahiatursa).
“O que a gente vem dizer hoje é que já chega de violência com a população trans. É preciso que as pessoas entendam o outro como um semelhante“, afirma a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, Keila Simpson. Para a travesti Nickelly Nascimento, de 31 anos, a Parada Gay este ano teve um significado especial. Ela passou por discriminação no trabalho e se engajou ainda mais na luta. “Sou garçonete e muitas vezes já fui humilhada pelos clientes e isso precisa mudar. Não só para mim, mas para todos”, afirma.
Considerado o terceiro maior evento do gênero no Brasil, a Parada Gay em Salvador contou com um esquema de segurança composto por 538 policiais distribuídos no percurso. O turismo também foi destaque. O evento contribui para que a Bahia alcance o objetivo de ser reconhecida como um destino gay friendly, importante para a economia, visto que o público LGBT viaja quatro vezes mais que a média e gasta 30% mais que o turista tradicional, conforme revelou a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat GLS).
Aos 22 anos, a estudante Tainá Souza se considera heterossexual, no entanto, tem a consciência de que a luta contra a discriminação deve ser travada por todos. “Essa é uma luta do ser humano. Temos que dar um basta no preconceito”, enfatiza Tainá.
Desfile de trios
A SJDHDS levou à 15ª Parada Gay da Bahia o trio #AparadaÉNossa e apoiou o trio Mães pela Diversidade, fechando a programação da II Semana Fora do Armário, promovida pela Coordenação de Políticas LGBT da Secretaria. Os trios levaram para as ruas o empoderamento político da comunidade LGBT, que tem conquistado seu espaço e lutado a favor da diversidade e contra a qualquer tipo de preconceito.
A abertura oficial do cortejo dos trios começou às 15h30, com a execução do hino nacional pela cantora Marcia Castro, e apresentação de Keila Simpson e Bagagerie Spilberg, coroação dos padrinhos, Rosemma Maluf e Alex Lopes, discurso de autoridades e apresentações do DJ Oliver Jack, percussionista Bruno Mocottó e Maristela Muller, no trio oficial do GGB.
Montada no Campo Grande, a Arena da Diversidade Divertida foi palco para os shows dos atores transformistas Scarlet Sangalo, Michelle Lorem, Suzy di Costa, Ludmilah Stryker & Eyshilla, Butterfly, Gina de Mascar, Bia Mathieu, Nathalia Styker, Aluvânia Butantã, Duda Weshiley, Alehandra Delavega, Melanie Masson, Kaysha Kutnner e Twyggi. As bandas Vibe de Patrão, Magno Santé, Suinga e Açúcar Improviso Latino também se apresentaram no local.
Por Leonardo Martins