Mandetta sinaliza a parlamentares que está de saída: ‘outros virão fazer melhor’; ouça o áudio

 Mandetta sinaliza a parlamentares que está de saída: ‘outros virão fazer melhor’; ouça o áudio

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se despediu de deputados da frente parlamentar da saúde durante reunião realizada na tarde nesta quarta-feira. Ele agradeceu a eles o apoio pelo tempo que passou no cargo. Em suas declarações, Mandetta confirmou que deve deixar o cargo nos próximos dias, o que já tinha confidenciado a aliados durante a semana. Mas não fixou uma data nem esclareceu se pedirá demissão ou se a decisão é do presidente Jair Bolsonaro. Ouça o áudio: 

— Antes de mais nada eu quero agradecer a vocês o tempo que a gente passou junto, foi um ano e cinco meses de tentativas de um trabalho bem bacana. Eu tenho certeza que outros virão fazer melhor, maior, mais forte.O SUS é assim: cada um constrói um pedacinho dessa fortaleza. Acho que vejo um SUS mais fortalecido, com mais presença no dia a dia das pessoas. Tenho certeza que as discussões sobre o nosso sistema de saúde daqui pra frente sempre levarão em consideração a necessidade do país ter um sistema de saúde mais fortalecido —discursou o ministro.
Mandetta também afirmou que vai apoiar o seu sucessor no ministério e disse que passará um relatório aos parlamentares para eles continuarem acompanhando o assunto do coronavírus.
— Obrigado a todos os parlamentares, a todo mundo que participou, desculpem alguma situação de não poder atendê-los como deveria ter atendido. Tenho certeza que no cômputo geral salvaram-se todos, tenho certeza de que já já um de vocês vai estar aqui ministro, e eu vou poder estar em qualquer lugar desse ponto de meu Deus apoiando vocês para fazerem um bom trabalho, igual vocês me apoiaram. Obrigado aí pela força — afirmou.

Os deputados presentes na reunião também agradeceram ao ministro e lamentaram a sua saída. Segundo os presentes, o ministro foi aplaudido.

Na conversa, Mandetta disse também “não aceitar que os técnicos saiam do ministério” alegando que eles são “profissionais de carreira” do órgão. Mandetta quer manter na pasta a equipe que está atuando no enfrentamento ao novo vírus. Segundo relato dos presentes, porém, o ministro deixou claro que João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo, e Wanderson de Oliveira, secretário Nacional de Vigilância em Saúde, sairiam junto com ele do ministério.

Na abertura de entrevista coletiva nesta tarde, porém, ele disse ter recusado o pedido de demissão do Secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, afirmando que só poderiam sair juntos da pasta.

— Vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde — disse o ministro, na entrevista.

Segundo a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), a percepção dos parlamentares, no início da conversa, era a de que Mandetta já seria demitido ou pediria demissão nesta quarta-feira.

— A impressão era de que hoje, na coletiva de imprensa, ele já iria anunciar a saída do governo, mas no decorrer da conversa percebemos que não há um nome para substitui-lo — disse a deputada.

Ela afirmou ainda houve um debate técnico sobre as ações contra o surto e que em nenhum momento o ministro criticou integrantes do governo. Mesmo quando perguntado sobre as previsões do deputado Osmar Terra (MDB-RS) sobre a pandemia, opostas à de Mandetta, preferiu ficar em silêncio para logo depois tratar de aspectos técnicos das orientações do Ministério da Saúde.

Paula Belmonte relata ainda que Mandetta se esforçou para demonstrar que deixará o ministério com condições mínimas para seu sucessor.

— Ele mostrou que não vai deixar nenhuma casca de banana.

Deputado eleito com o apoio de Bolsonaro, General Peternelli (PSL-SP) diz ter sido uma reunião “muito respeitosa” em que Mandetta fez questão de mostrar o trabalho que vem desempenhando no combate ao coronavírus, agradeceu o apoio da equipe de técnicos e foi aplaudido pelos colegas deputados.

— O que ele deixou claro é que sabe que o governo está procurando nomes substitutos. E que a expectativa é sair a qualquer momento, hoje, amanhã, essa semana. Foi um tom meio que de despedida mesmo — diz o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

 

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