Fé e pedidos pelo fim da pandemia marcam homenagens a Iemanjá em Lauro de Freitas
As canções de saudação aos orixás, entoadas pelos filhos e filhas do Terreiro São Jorge Filhos da Gomeia, abriram as homenagens a Iemanjá no início da manhã desta terça-feira (2) em Buraquinho, Lauro de Freitas. Mesmo com as restrições de participação do público em função da pandemia do coronavírus, que impediu a realização da alvorada e do xirê (dança para evocação dos Orixás), não faltaram fé e devoção durante a entrega dos presentes à rainha do mar.
Mameto Kamurici (Mãe Lúcia), do Terreiro São Jorge Filhos da Gomeia, que há mais de 20 anos é responsável pela organização da homenagem, junto com a Colônia de Pescadores, destacou a importância da reafirmação da fé. “As pessoas precisam ter fé e acreditar que vamos sair dessa pandemia. Hoje o presente para Iemanjá é nesse formato, com poucas pessoas, mas com o mesmo carinho. Se todo mundo que não pôde estar aqui, mas acredita na força do mar emanar energias positivas, vamos colocar o melhor presente do mundo para Iemanjá”.
Para evitar as aglomerações, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (SETTOP), instalou barreiras para impedir o acesso de carros ao estacionamento da praia de Buraquinho. A restrição segue até a 00h desta quarta-feira (3). Além das interdições, houve ainda um diálogo entre os terreiros que participam da celebração, para que os mesmos realizem as suas homenagens e a entrega dos presentes de forma individual.
As poucas pessoas, que chegavam a pé até a praia, tinham um pedido em comum: o fim da pandemia do coronavírus. De máscara e com um buquê de rosas brancas nas mãos, Jaqueline Velásquez, natural de La Paz, capital da Bolívia, moradora de Lauro de Freitas há mais de 12 anos, fez questão de jogar flores para Iemanjá em agradecimento à saúde da filha e pedir pelo fim da Covid-19.
“Sou católica, mas tenho muito respeito e admiração por Iemanjá. Vim agradecer a ela pela saúde de minha filha que mora em Porto Alegre, e que sempre que pode vem, porque ela se identifica muito com Iemanjá. Por isso vim deixar flores em nome dela, agradecer pela vacina para a Covid e pedir que chegue para todos, principalmente os mais necessitados dela. Nessa época quem está em pé, respirando e íntegro só tem a agradecer”, declarou Jaqueline.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, André Luís Silva Pereira, destacou a grandiosidade da homenagem a Iemanjá e agradeceu a compreensão dos responsáveis pela organização da celebração. “Agradeço a Mãe Lúcia e a todos os envolvidos na organização por entenderem o momento difícil pelo qual estamos passando por causa da pandemia. Queríamos muito fazer uma grande festa, como sempre fizemos, mas responsabilidade nos chama e não podemos aglomerar”