Centro de Referência Lélia Gonzalez celebra 15 anos de atendimento às mulheres vítimas de violência em Lauro de Freitas
Ressignificar a vida das mulheres vítimas de violência é o principal objetivo do Centro de Referência Lélia Gonzalez há 15 anos. Referência no atendimento ao público feminino que busca apoio para romper com o ciclo abusivo, o equipamento é vinculado à Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas.
Ao longo dos anos, os serviços de acolhimento do Centro foram responsáveis por ajudar a restaurar diversas vidas, assim como a da diarista Cecília Valéria, de 50 anos. Assistida pelo local há seis anos, ela era vítima de um relacionamento abusivo, agravado pela dependência financeira, emocional e pelos filhos que tinha com o agressor.
“Com o acolhimento do Lélia eu aprendi a viver de novo. Lá, eu achei uma palavra de conforto e pessoas que me deram a mão quando eu mais precisei. Eu só tenho elogios ao Lélia, que é formado por pessoas incríveis, desde a recepção aos atendimentos específicos. É tudo de bom”, afirmou Cecília.
A excelência no serviço é observada também por quem integra o time de acolhimento às vítimas. Em atuação no local há 11 anos, a psicóloga Maíra Passos destaca que o Centro contribui diariamente para o seu crescimento pessoal e profissional. “Eu cresço todos os dias junto com essas mulheres. É um conhecimento que me fez olhar a sociedade e as situações da vida de um modo diferente”, disse.
Na difícil jornada de ajudar mulheres a romper com o ciclo de violência, algumas histórias ganham destaque e ficam para sempre na memória de quem contribui para a ação. Maíra relembra uma assistida que chegou ao local cabisbaixa e sem saber por onde recomeçar a vida após um longo processo de violência.
“A mulher persistiu, conseguiu separar, retomou as rédeas da própria vida, entrou na faculdade e conseguiu se formar. No último contato que tive com ela, soube que estava feliz e trabalhando na área”, contou a psicóloga.
O instrumento de garantia da vida das mulheres é essencial para que trilhem seus próprios caminhos em busca de melhores e maiores oportunidades longe do ciclo violento, conforme destacou a coordenadora do CRAM Lélia González, Sulle Nascimento.
“Os CRAMS prestam serviços necessários para o processo de transformação na vida dessas mulheres e do ciclo de violências vividos por elas. Por isso, falar num instrumento como o Cram é falar da essencialidade dele na vida, na segurança, na transformação e ressignificação da vida de mulheres em situação de violência”, destacou.
Segundo relatório do Centro, em 2020 foram registrados 1.967 atendimentos, sendo 1.335 presenciais e 632 à distância. Em 2019, o número total foi de 1.657, sendo 1.551 presenciais e 106 à distância. O Centro funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, e recebe diariamente dezenas de mulheres para novos acolhimentos. As vítimas podem entrar em contato com o Centro também através do telefone 3289-1032, que também é o whatsapp.
O Lélia Gonzalez
O Centro leva o nome de Lélia Gonzalez, ativista e intelectual negra. Lélia denunciou o racismo e o sexismo como formas de violência que subalternizam as mulheres negras. O equipamento presta atendimento às mulheres maiores de 18 anos, residentes de Lauro de Freitas e que se encontram em situação de violência doméstica, familiar e de gênero, com serviços e assistência psicológica, social, pedagógica e de orientações jurídicas.
O local oferece ainda articulação de rede de atendimento local, grupos terapêuticos, além de oficinas e cursos profissionalizantes.
Em meio à pandemia da Covid-19, onde as mulheres tiveram que permanecer mais tempo em casa com os agressores, o Centro adotou estratégias para continuar o atendimento inserindo os acompanhamentos também de maneira virtual. A medida também contribuiu para evitar aglomerações na sede da unidade.