Com bairros inundados após abertura de comportas da barragem do Joanes, Prefeitura de Lauro de Freitas pede explicações à Embasa

 Com bairros inundados após abertura de comportas da barragem do Joanes, Prefeitura de Lauro de Freitas pede explicações à Embasa

A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, enviou à Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) um ofício com solicitações de explicações sobre a abertura das comportas da Represa Joanes II, localizada em Dias D’Ávila, que causaram danos às famílias de bairros do município, com a inundação de ruas e casas. No documento, encaminhado nesta quinta-feira (21), ainda foram pedidas informações das providências que serão adotadas pela Embasa diante dos transtornos.

Ainda ontem (21), mesmo sem ocorrência de chuvas, a Prefeitura Municipal verificou a elevação do nível dos Rios Ipitanga e Joanes, nos trechos de Lauro de Freitas, de forma rápida e acentuada durante o período da tarde. Com o impacto causado pela abertura das comportas do Joanes II, 160 pessoas tiveram que deixar suas casas. As famílias foram abrigadas pela Prefeitura em escolas dos bairros de Portão e Caji/Caixa D’água, onde permanecem até então.

Nesta sexta-feira (22), a prefeita Moema Gramacho visitou, junto com as equipes da Defesa Civil e das Secretarias que compõem a Operação Chuva 2022, a localidade de Vila Nova Portão, parte mais atingida pelo transbordamento do rio. “Acabamos de circular de barco em praticamente toda a região daqui, e a maioria das casas está com um metro ou mais de água por dentro, as famílias perderam tudo o que tinham, e tudo isso em função, principalmente, da abertura das comportas da barragem Joanes II. Não só aqui em Portão, mas como também em Caji Caixa D’água pessoas sofreram com os impactos”, relatou.

As famílias que aceitaram sair de suas casas estão sendo acolhidas nas escolas Vila Nova de Portão e Catarina de Sena. As pessoas devem permanecer abrigadas até que o nível da água diminua, para que se analise se há condições de retorno aos lares. Em caso de impossibilidade, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania (SEMDESC) e Defesa Civil farão vistoria nas casas e, se necessário, encaminharão para o Bolsa Aluguel. Atualmente, o programa do município já atende a mais de duas mil famílias.

Lauro de Freitas executa, atualmente, várias obras de macrodrenagem, uma delas a dos Rios Ipitanga e Joanes, realizada pelo Governo do Estado, com parceria da Prefeitura, eu visa reduzir consideravelmente os alagamentos em períodos de muita chuva. Vale destacar, que antes mesmo da conclusão, esta obra já demonstrou efeitos positivos no município, inclusive em Vila Nova de Portão e Caji Caixa D ́água que não alagaram nas últimas fortes chuvas, mas que acabaram sofrendo consequências com o fato da abertura das comportas.

“Mesmo com essa obra surtindo efeitos em alguns lugares, infelizmente, com essa ação através da Embasa, de abrir as comportas, tivemos esse prejuízo para a nossa população. Espero que a Embasa dê explicações do motivo de abrir as comportas do Joanes II, causando esse estrago aqui. Sem contar que não comunicou à Prefeitura com antecedência, a necessidade de evacuação das famílias das áreas que poderiam ser afetadas. Mas, mesmo assim, a Prefeitura constatando o aumento do nível da água na região, independente de informações por parte da Embasa, resolveu retirar de barco um grande número de pessoas. Entretanto, algumas insistiram em permanecer em suas casas. Diante disso, a Prefeitura fez um apelo para que as pessoas não fiquem em casas que estão inundadas, porque elas correm riscos de choque elétrico e contaminação de doenças pela água”, reforçou Moema.


Agentes da Secretaria de Serviços Públicos (SESP) e um caminhão foram colocados à disposição da população para fazer mudanças para onde desejarem ou até os abrigos. Alimentação (café, almoço e janta), materiais de higiene e medicação estão sendo disponibilizados pela Prefeitura de Lauro de Freitas para as pessoas que se encontram abrigadas e outras afetadas.

Nota de esclarecimento da Embasa

A Embasa esclarece que, devido às chuvas intensas que caíram na região metropolitana de Salvador, nos últimos dias, as bacias hidrográficas dos rios Ipitanga e Joanes encheram. Como nessas bacias existem barragens operadas pela empresa, foi necessário adotar procedimentos distintos, em cada uma delas, visando a segurança da estrutura dos respectivos reservatórios no cenário de cheia de cada rio.

No caso do rio Ipitanga, sempre que chove e o rio enche, as comportas da barragem Ipitanga 1 são abertas. Desde que começou a chover na semana passada, as comportas dessa barragem foram abertas e a vazão de água que sai delas é menor do que a vazão da própria calha do rio que passa pelo bairro de São Cristóvão. A Embasa não comunicou a abertura das comportas de Ipitanga 1 à Defesa Civil de Salvador, porque a barragem não atingiu nível de alerta e, porque a vazão liberada pelas comportas de Ipitanga não são determinantes para provocar alagamentos nas áreas a sua jusante.

No caso do rio Joanes, quando a barragem Joanes 2 começou a encher com as chuvas intensas desta semana, a Embasa, cumprindo procedimento padrão de segurança da barragem, abriu três de suas quatro comportas de forma gradativa à medida que o nível do reservatório ia aumentando. Ontem (21) pela manhã, como a barragem Joanes 2 atingiu nível de alerta, foi preciso abrir a quarta comporta e avisar à Defesa Civil de Lauro de Freitas, Camaçari e Simões Filho, municípios que ficam a jusante desta barragem, pois, por conta da vazão da água liberada, haveria alagamentos nas áreas ribeirinhas.

Hoje (22), o nível de Joanes 2 baixou e saiu do nível de alerta e os técnicos da Embasa iniciaram o fechamento gradativo das comportas desta barragem.

Em resumo, a Embasa cumpriu os procedimentos de prevenção de risco na operação das barragens Ipitanga 1 e Joanes 2 diante das enchentes dos rios Ipitanga e Joanes. Vale ressaltar que as duas barragens funcionam como amortecedores de enchentes nas áreas ribeirinhas a jusante. No entanto, quando a enchente ultrapassa a capacidade de amortecimento dessas barragens, é preciso liberar a água do rio para evitar risco de acidentes com impactos muito piores.

O sistema de barragens utilizadas atualmente pela Embasa para abastecer a capital baiana, que estão situadas na Região Metropolitana de Salvador (RMS), são as barragens Joanes 1 e 2, Ipitanga 1 e 2. Elas são responsáveis por garantir cerca de 35% da produção de água tratada distribuída em Salvador.

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