“Em estado de guerra”, diz presidente do Equador sobre a situação do país
O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou, nesta quarta-feira, 10, que o país se encontra em “estado de guerra”, depois de três dias de violência do narcotráfico, e se comprometeu a enfrentar sem trégua “mais de 20.000” membros de organizações “terroristas”.
Em represália à pressão do governo, quadrilhas criminosas lançaram uma dura ofensiva que deixou dez mortos, mais de cem guardas carcerários sequestrados por detentos, fugas de chefes de quadrilhas e jornalistas amedrontados.
“Estamos em um estado de guerra e não podemos ceder diante destes grupos terroristas”, disse Noboa à rádio Canela, após ter declarado o país na terça-feira em “conflito armado interno”.
Segundo esta medida, que dá às organizações criminosas status beligerante, o presidente ordenou aos militares “neutralizar” as quadrilhas vinculadas a cartéis do México e da Colômbia.
A crise se seguiu à fuga de Adolfo Macías, o “Fito”, chefe da principal organização criminosa do país, conhecida como Los Choneros, que estava preso em uma penitenciária de Guayaquil (sudoeste) e foi detectada no domingo.
“Vivemos um momento muito duro (…) Estamos lutando pela paz nacional, estamos lutando também contra grupos terroristas que hoje em dia são formadas por mais de 20.000 pessoas e às quais não se havia posto nome nem determinação”, afirmou Noboa.
Mas, “não vamos ceder”, acrescentou o presidente, que assumiu o cargo em novembro.
No Equador vigora desde a segunda-feira um estado de exceção por 60 dias, inclusive nos presídios, transformados em centros de operação do narcotráfico.
Noboa declarou como “objetivos militares” organizações como Los Choneros, que se opõem à sua iniciativa de fortalecer a segurança nos portos e nas fronteiras com a Colômbia e o Peru, maiores produtores mundiais de cocaína.
O presidente despertou a fúria das quadrilhas com seus anúncios de construir presídios de alta segurança no estilo de seu contraparte salvadorenho, Nayib Bukele, em sua guerra contra as gangues.
“Este governo está tomando as ações necessárias, que nos últimos anos ninguém quis tomar. E para isso é preciso ter coragem de verdade, não de papelão”, assegurou.