Elinaldo (DEM) lidera com 65% dos votos em Camaçari
Depois de 12 anos, o PT corre o risco de perder a eleição num dos municípios mais ricos da Bahia, Camaçari, onde estão o polo petroquímico e o complexo da montadora Ford.
A última pesquisa de intenção de voto do Ibope/Bahianotícias, divulgada na última terça-feira (27) indica que o candidato Antônio Elinaldo (DEM) lidera com 65% dos votos válidos, enquanto Luiz Caetano (PT) marcou 32%.
Caetano desdenhou do resultado. Diz que é “uma farsa”. A mesma pesquisa indicou que o petista tem uma rejeição de 49%, e Elinaldo, 22%. O levantamento ouviu 406 pessoas entre os dias 23 e 25 de setembro.
Rica, com uma receita anual própria mais transferências de R$ 980,7 milhões, Camaçari sempre foi um município estratégico para o PT no estado. Muitos atribuem ao município papel fundamental na eleição do governador Jaques Wagner (PT) em 2006, encerrando o período de governos “carlistas” na Bahia, do grupo político do falecido senador Antonio Carlos Magalhães.
Naquela época, quem governava Camaçari era Caetano. Ele foi eleito em 2004 e reeleito em 2008. O cenário atual favorece seu adversário Elinaldo.
Problemas
O PT rachou em Camaçari devido à briga entre Caetano e o prefeito atual Ademar Delgado, ex-secretário na gestão anterior. Foi um daqueles casos de criatura se voltar contra o criador. A briga dos dois levou Delgado a deixar o PT e lançar a candidatura da secretária municipal Jailce Andrade (PCdoB).
Enquanto a base petista se dividiu, a candidatura de Elinaldo uniu o DEM ao PMDB, cujo pré-candidato José Tude resolveu compor a vice. Junte-se a isso o apoio maciço que o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) vem dando à candidatura de Elinaldo, o que se presta ao projeto do gestor da capital baiana de disputar a eleição de governador em 2018.
Essa presença fez com que o governador Rui Costa (PT) também batesse ponto na disputa do município. Além de participar de eventos da campanha de Caetano, várias realizações da gestão Rui ilustram outdoors na cidade.
Por seu turno, o prefeito Ademar Delgado ironiza a situação judicial dos dois principais concorrentes à prefeitura de Camaçari, alegando que sua candidata Jailce seria a única “ficha-limpa” na disputa. É uma referência ao fato de Elinaldo ter sido preso sob a acusação de envolvimento com o jogo do bicho e Caetano ter a conta da sua gestão de 2012 rejeitada pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Como os dois aparecem na frente na pesquisa, o eleitorado parece não estar preocupado com os fatos.
Ex-feirante, Elinaldo foi incentivado a disputar a primeira eleição de vereador em 2008 e eleito, acumulando popularidade a ponto de sua prisão em dezembro de 2015 não afetar sua candidatura. Pesquisa feita por sua assessoria indicou que 62% dos ouvidos acharam que a prisão tinha sido uma “armação” do PT. Ele declarou que a pesquisa “confirma o que tenho visto em minhas andanças: o desejo do povo de Camaçari de mudar, depois de 12 anos da desastrosa gestão do PT”, declarou.
“Não errar”
O deputado federal Caetano foi eleito pela primeira vez prefeito de Camaçari em 85, para um mandato-tampão de dois anos, quando o município deixou de ser de segurança nacional.
Nessa sua quarta eleição, apesar do cenário adverso, sustenta que não é o pleito mais difícil e confia na vitória. Segundo ele, o que mais dificultou sua campanha foi “o desastre administrativo que foi a gestão de Ademar”. Isso porque, acredita, as pessoas ainda o vinculam ao prefeito.
“Mas os eleitores já estão percebendo que ele atua na verdade, por baixo do pano, em favor de Elinaldo e não da sua candidata”. O petista está convencido de que só precisa “não errar” até o dia da eleição para se tornar pela quarta vez prefeito de Camaçari.
Por Biaggio Talento