Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes que se tratam com cannabis
O Brasil atingiu, em 2024, um recorde de 672 mil pacientes em tratamento com cannabis medicinal, um aumento de 56% em relação ao ano anterior. O dado consta no anuário divulgado pela Kaya Mind nesta terça-feira (26), que aponta um mercado em plena expansão, movimentando R$ 853 milhões no ano.
Os pacientes estão espalhados por cerca de 80% dos municípios brasileiros, refletindo a crescente aceitação desse tipo de tratamento. Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind, há mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal disponíveis no país, atendendo a diversas necessidades terapêuticas. “A expansão da cannabis medicinal é visível, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções à rotina dos pacientes em todo o país”, afirmou.
O faturamento do setor este ano é 22% maior que o registrado em 2023, que foi de R$ 699 milhões. A expectativa é que o mercado alcance a marca de R$ 1 bilhão em 2025. Para efeito de comparação, em 2021, o segmento movimentava apenas R$ 144 milhões.
Thiago Cardoso, chefe de Inteligência e sócio da Kaya Mind, destacou o impacto das recentes decisões judiciais, como a autorização do Supremo Tribunal Federal para o cultivo de cannabis com fins medicinais. Este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o Brasil, ampliando a diversidade de itens no mercado. “Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo no cenário global”, afirmou Cardoso.
Apesar do avanço, obstáculos como a legalização ainda limitam o acesso pleno aos produtos de cannabis medicinal no Brasil. Quase metade dos pacientes (47%) depende da importação mediante prescrição médica. Outros 31% recorrem a farmácias, enquanto 22% utilizam associações, que desempenham papel fundamental para quem enfrenta dificuldades financeiras.
Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da associação TO Ananda, no Tocantins, ressaltou o impacto social dessas organizações. Ele contou que a associação surgiu a partir da experiência da presidente, que encontrou no óleo de cannabis uma alternativa para se desintoxicar de analgésicos fortes. Hoje, a entidade, que completa dois anos, conta com o apoio da Defensoria Pública e da Fiocruz e planeja ampliar parcerias com laboratórios e instituições de ensino superior em 2025.
“Estamos quebrando preconceitos. Até pessoas mais conservadoras estão compreendendo a eficácia do tratamento após verem os resultados nos pacientes”, comentou Jonadabe, que está em transição de carreira, estudando o cultivo e o mercado da cannabis medicinal.
O setor, embora ainda em desenvolvimento, já se consolida como um pilar importante na saúde pública e no mercado brasileiro, com projeções otimistas para os próximos anos.
As informações são da Agência Brasil.