Violência contra mulher cresce na Bahia: Ligue 180 registra alta de 42% em 2024

 Violência contra mulher cresce na Bahia: Ligue 180 registra alta de 42% em 2024

Foto: Paulo Carvalho/Agência Brasil
A Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, registrou um aumento significativo nos atendimentos realizados na Bahia em 2024. Foram contabilizadas 63.330 ligações, representando uma alta de 42% em relação a 2023, quando foram registrados 44.594 atendimentos. O número de denúncias também cresceu, passando de 8.143 em 2023 para 9.090 em 2024, um aumento de 11,6%.

Crescimento das denúncias na Bahia

Entre as 9.090 denúncias registradas na Bahia em 2024, 8.199 foram realizadas por telefone e 641 pelo WhatsApp. A maior parte das denúncias (5.985) foi feita pelas próprias vítimas, enquanto 3.096 vieram de terceiros. O ambiente doméstico segue como o principal cenário das agressões: 3.847 casos ocorreram na casa da vítima e 2.921 em residências compartilhadas com o agressor.

Perfil das vítimas de violência na Bahia

Mulheres entre 40 e 44 anos foram as que mais denunciaram casos de violência, totalizando 1.471 vítimas. As mulheres pretas e pardas foram as mais afetadas, representando 6.707 das denúncias. Os principais agressores foram esposos, companheiros ou ex-companheiros, responsáveis por 2.440 casos.

Aumento nacional nos atendimentos

Em todo o Brasil, o Ligue 180 registrou 691.444 ligações em 2024, um crescimento de 21,6% em relação ao ano anterior. O atendimento via WhatsApp, lançado em abril de 2023, apresentou um salto de 63,4%, passando de 6.689 para 14.572 mensagens. No total, somando telefonia, WhatsApp e outros canais, foram realizados 750.687 atendimentos em 2024, com uma média de 2.051 atendimentos diários.

Raça e cor das vítimas no Brasil

Entre os registros nacionais com declaração de raça ou cor, as mulheres negras foram maioria, representando 52,8% das denúncias. Foram 53.431 casos contra mulheres pardas e 16.373 contra mulheres pretas. Mulheres brancas somaram 48.747 denúncias, enquanto mulheres amarelas e indígenas contabilizaram 779 e 620 casos, respectivamente. Em 12.134 denúncias, a cor ou raça da vítima não foi identificada.

Faixa etária das vítimas

As faixas etárias mais afetadas pela violência foram mulheres entre 40 e 44 anos, com 18.583 denúncias, seguidas por mulheres de 35 a 39 anos (17.572 denúncias) e de 30 a 34 anos (17.382 denúncias).

Tipos de violência mais recorrentes

Em 2024, foram reportadas 573.131 violações ao Ligue 180, uma redução de 3,9% em relação a 2023. Os tipos de violência mais denunciados foram:

  • Violência psicológica: 101.007 denúncias
  • Violência física: 78.651 denúncias
  • Violência patrimonial: 19.095 denúncias
  • Violência sexual: 10.203 denúncias
  • Violência moral: 9.180 denúncias
  • Cárcere privado: 3.027 denúncias

Cada denúncia pode incluir mais de um tipo de violação.

Relação entre suspeitos e vítimas

A maioria dos agressores tem relação íntima ou familiar com a vítima. Companheiros atuais foram responsáveis por 17.915 denúncias, enquanto ex-companheiros responderam por 17.083 casos.

Locais onde ocorrem violações

O ambiente doméstico continua sendo o principal cenário de violência. As denúncias apontaram os seguintes locais:

  • Casa da vítima: 53.019 denúncias
  • Casa compartilhada entre vítima e suspeito: 43.097 denúncias
  • Casa do suspeito: 7.006 denúncias
  • Ambiente virtual (internet): 6.920 denúncias

Frequência e duração das agressões

Os dados indicam que muitas mulheres enfrentam violência de forma contínua e prolongada. Ao todo, 32.591 denúncias referem-se a violências que ocorrem há mais de um ano, e 18.798 começaram há menos de um mês. Quase metade das vítimas (46,4%) relatou sofrer agressões diárias. As demais frequências incluem:

  • Ocasionalmente: 23.431 denúncias
  • Única ocorrência: 19.214 denúncias
  • Semanalmente: 10.945 denúncias
  • Mensalmente: 2.453 denúncias

Em 13.982 casos, a frequência da violência não foi informada.

Nova estrutura da Central de Atendimento

Em agosto de 2024, o Ligue 180 inaugurou uma nova central de atendimento, agora independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. O Ministério das Mulheres firmou um contrato de R$ 84,4 milhões com uma empresa especializada para aprimorar o atendimento por múltiplos canais.

Expansão dos protocolos e acordos estaduais

A nova central também implementou protocolos para melhorar o fluxo de encaminhamento de denúncias. A Bahia ainda não firmou acordos de cooperação técnica, mas dez estados já: Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e o Distrito Federal. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) também aderiu ao acordo.

O novo modelo de atendimento permite quantificar não apenas as denúncias, mas também outros tipos de interações, como orientações sobre direitos das mulheres e a rede de serviços especializados. Segundo Ellen dos Santos Costa, coordenadora-geral do Ligue 180, “também é possível registrar manifestações sobre o atendimento realizado pelos órgãos da rede, ajudando a identificar falhas e aprimorar o serviço”.

Painel Ligue 180

Em fevereiro de 2024, o Ministério das Mulheres lançou o Painel Ligue 180, que disponibiliza dados sobre mais de 2.600 serviços especializados de atendimento à mulher em situação de violência. O painel está disponível no site.

Como acessar Ligue 180

Ligue 180 é um serviço público e gratuito do Governo Federal que funciona 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados. O atendimento pode ser feito por telefone, WhatsApp e e-mail:

  • Telefone: Ligue 180 (gratuito de qualquer lugar do Brasil)
  • WhatsApp: (61) 99610-0180
  • E-mail: central180@mulheres.gov.br

Em casos de emergência, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190.

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