Fraude no INSS atingiu indígenas, deficientes e analfabetos; vítimas estavam a até 957 km das associações

 Fraude no INSS atingiu indígenas, deficientes e analfabetos; vítimas estavam a até 957 km das associações

A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que a fraude bilionária envolvendo descontos indevidos em aposentadorias do INSS teve como principais vítimas pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. De acordo com o relatório da PF, foram lesados moradores de áreas rurais sem acesso a agências da Previdência, pessoas com deficiência severa, doentes acamados, indígenas e analfabetos.

As conclusões têm como base entrevistas realizadas por auditores da CGU durante uma força-tarefa em regiões do interior do país. Em diversos casos, familiares ou responsáveis relataram que os beneficiários não tinham condições físicas ou cognitivas de autorizar filiações ou assinar qualquer documento, evidenciando a ilegalidade dos descontos.

O relatório aponta ainda que, em algumas entidades sindicais investigadas, 100% dos entrevistados negaram ter autorizado as mensalidades. Em outras, o índice variou entre 71% e 99%. Outro fator que agrava as suspeitas é a distância entre os beneficiários e as sedes das associações: em alguns casos, os aposentados estavam vinculados a entidades localizadas a até 957 km de suas residências.

A CGU conclui que há fortes indícios de que essas filiações foram forjadas, já que seria “pouco provável” que idosos, frequentemente acima dos 60 anos, viajassem entre estados para se associarem a sindicatos ou associações que sequer oferecem suporte efetivo aos seus supostos membros. A investigação segue em curso, com a expectativa de novas responsabilizações.

 

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