Crise do IOF expõe tensões internas no governo após recuo de medida

O governo federal enfrentou críticas internas e externas após anunciar e, em seguida, revogar parcialmente o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, que visava elevar a alíquota para 3,5% sobre aplicações de fundos nacionais no exterior e remessas de pessoas físicas para investimentos, foi revertida poucas horas após sua divulgação, diante da reação negativa do mercado financeiro e de aliados políticos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou o recuo como uma “necessidade técnica”, afirmando que a decisão foi tomada após receber subsídios de operadores de mercado alertando para possíveis impactos adversos. O impacto fiscal estimado da reversão é inferior a R$ 2 bilhões, segundo o próprio ministro.
A situação gerou desconforto dentro da base aliada, com críticas à condução da política econômica e à falta de articulação prévia com o Banco Central. A reunião de emergência que decidiu pelo recuo contou com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social), mas não teve a participação de Haddad, que estava em viagem a São Paulo.
Economistas também expressaram preocupações sobre a tentativa do governo de utilizar o IOF como instrumento arrecadatório, o que poderia afetar a confiança do mercado e a estabilidade cambial. A rápida reversão da medida evidenciou as dificuldades enfrentadas pelo governo em avançar com propostas de justiça fiscal sem provocar reações adversas.
Com a revogação, a alíquota do IOF sobre aplicações de fundos no exterior permanece zerada, e as remessas de pessoas físicas para investimentos continuam sujeitas à alíquota de 1,1%. Outras mudanças no IOF, como o aumento para compras com cartões internacionais e operações de crédito para empresas, seguem em vigor.
A crise do IOF ressalta a necessidade de maior coordenação e diálogo dentro do governo para evitar decisões precipitadas que possam comprometer a credibilidade da política econômica e a estabilidade financeira do país.