Bahia retoma Conferência LGBTQIAPN+ e reafirma compromisso com inclusão e direitos

Após nove anos, a Bahia voltou a sediar a Conferência Estadual LGBTQIAPN+, que teve sua 4ª edição aberta nesta terça-feira (26), em Salvador, com a presença do governador Jerônimo Rodrigues. O evento acontece até sexta-feira (28), no Hotel Fiesta, no bairro do Itaigara, e reúne cerca de 500 participantes entre delegados, observadores e convidados institucionais.
Na abertura, Jerônimo reforçou o compromisso do governo com a pauta da diversidade. “Eu não vim aqui para fazer foto. Vim para demonstrar o interesse com o tema, para assinar o termo de compromisso da minha responsabilidade com o respeito e os direitos da comunidade LGBT no estado”, afirmou o governador.
Durante os três dias de debates, a conferência discute temas em quatro eixos principais: o enfrentamento à violência contra a população LGBTQIAPN+; trabalho digno e geração de renda; interseccionalidade e internacionalização; além da ampliação das políticas públicas na Bahia.
Tetê Carrera, vice-presidente do Coletivo Mete Bronca e conselheira estadual LGBT, destacou a importância de envolver todos os territórios do estado. “Temos que pensar nos LGBTs do Sul, do Sisal, do Baixo-sul, do Recôncavo. Essa conferência é fundamental para tirarmos propostas que serão debatidas na nacional, em Brasília, e que podem virar lei. É sobre isso que estamos lutando, porque nós somos a resistência”, ressaltou.
O encontro é promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ (CELGBT), e busca ser um espaço democrático de escuta, troca e proposição de políticas públicas que assegurem direitos e enfrentem desigualdades.
Para Augusto Oliveira, presidente do CELGBT e coordenador da conferência, o evento simboliza resistência e avanços. “Não foi fácil chegar até aqui. Nossos corpos são resistência, afirmando nossa existência. Quantos foram mortos para que pudéssemos debater política e encher este auditório? É entender que somos agentes de transformação”, afirmou.
Entre os participantes, vozes da sociedade civil reforçaram o impacto do encontro. A enfermeira trans Lorrany Santos destacou que a conferência é um espaço de acolhimento e reconhecimento. Já Joan Ravir, coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrat/BA), avaliou o evento como um momento histórico: “Agora a gente está tendo um governo mais inclusivo, que ouve as nossas pautas”.
Além de consolidar iniciativas já existentes, como o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTs (CPDD-LGBT) e a Lei Milena Passos, a conferência definirá os delegados que representarão a Bahia na etapa nacional, prevista para outubro, em Brasília. Durante a abertura, também foi entregue o manifesto “Nossas Vidas Importam”, com 15 pautas formuladas por mais de 60 instituições da sociedade civil.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, ressaltou a importância do diálogo. “Espero que esses dias sirvam para termos a tranquilidade, a maturidade e a lucidez de ouvir críticas, sugestões e apontamentos, mas também de celebrarmos as conquistas”, afirmou.
A mobilização para o evento contou com etapas municipais e territoriais em 13 regiões de identidade da Bahia, mostrando que o debate sobre diversidade vai além da capital e está presente em todo o estado.