Flica recebe Elayne Baeta, escritora do primeiro best-seller sáfico do Brasil

Em conversa na Geração Flica, a autora Elayne Baeta refletiu sobre solidão, amor e a importância da representatividade lésbica na literatura
Por: Beatriz Bello
Na tarde deste sábado (25), Elayne Baeta, escritora do best-seller sáfico “O Amor não é Óbvio”, esteve presente na mesa “Nem Todas as Coisas são Óbvias: O Romance Sáfico e a Complexidade da Identidade” realizada no palco da Geração Flica, um dos principais espaços da Festa Literária Internacional de Cachoeira. Ao lado da mediadora Lorena Ribeiro, fundadora do projeto Passos Entre Linhas, a escritora discutiu temas como a solidão da mulher lésbica e a falta de representatividade sáfica na literatura.
Segundo Elayne, a falta de personagens lésbicas na literatura e na teledramaturgia ainda é um desafio. “Apesar de hoje em dia existir maior representatividade, acredito que ainda não seja a ideal, mas é necessário comemorarmos as mudanças”, afirmou. A escritora também refletiu sobre como a sociedade heterormativa costuma retratar mulheres lésbicas em papéis de sofrimento, raramente em relações felizes, algo que reforça a lesbofobia.
“As mulheres lésbicas sempre existiram, mas a sociedade as trata como se não existissem e isso alimenta a solidão que sentimos”, disse Elayne. Ela contou o quanto foi difícil se reconhecer lésbica, lidar com rótulos e principalmente com a falta de apoio familiar. Ainda assim, afirmou que apesar do sentimento de solidão existir, “Dentro da solitude existe muito amor próprio”.
Respondendo à curiosidade das fãs, Elayne revelou que suas personagens não se baseiam apenas em suas próprias experiências, mas também em mulheres com quem já se relacionou. “Se você não quer que eu pegue nada seu, não se relaciona comigo”, brinca a autora. Parte da sua inspiração, segundo ela, vem também das suas próprias leitoras, inúmeras fãs com quem tem uma relação de intimidade e cumplicidade através das redes sociais e dos eventos literários.
Em um bate-bola com Lorena Ribeiro, a escritora falou com carinho sobre sua participação nesta edição da Flica. Disse que o verdadeiro sucesso são suas leitoras e definiu a festa como um “dengo”. A brincadeira arrancou risadas do público, e, com seu bom humor característico, Elayne interagiu de forma divertida com as fãs.
Ao final, durante o momento de perguntas, a autora deixou bem claro, para a felicidade da sua “Fanbase”, que novos projetos virão. “Tenho várias ideias, sobre vários temas diferentes, mas não sei qual vai sair primeiro”. Elayne também afirmou que pretende explorar novos gêneros literários e experimentar outras formas de escrita.
