Consumo e produção de cerveja artesanal cresce na Bahia; Veja como fazer a sua
Uma das primeiras bebidas criadas pelo ser humano e atualmente a terceira bebida mais popular do mundo, a cerveja tornou-se industrializada devido à demanda de seus consumidores, mas o gosto pela artesanal não sumiu. As industrializadas são feitas visando atingir o maior número possível de consumidores. Normalmente utilizam em suas receitas apenas 60% de malte e acrescentam outros cereais para diminuir os custos de produção. O objetivo é chegar ao consumidor com um preço relativamente baixo.
Já a cerveja artesanal, é feita com poucos ingredientes e uma baita diversidade. Um preparo demorado e cuidadoso pelas mãos de seus produtores. Tudo para atingir a perfeição do sabor. Puro malte e pertencente a lei da pureza de 1516, em geral é mais apreciada por aqueles com o paladar mais refinado.
Mesmo com a crise tomando conta do mercado, a venda de cerveja artesanal vem crescendo exponencialmente por aqui desde 2007. Com essa procura, o número de estabelecimentos em que é possível encontrá-las aumentou. Multiplicando assim o número de produtores em todo a Bahia. Para saber mais sobre a fabricação de cerveja artesanal, o site Varela Notícias conversou com Olivalter Pergentino, o presidente da associação dos cervejeiros artesanais da Bahia (Acerva).
Em relação ao crescimento do mercado de cerveja artesanal na capital baiana, Olivalter afirmou: “O mercado de cerveja artesanal de Salvador tem aumentado a cada dia. Hoje basicamente nos quatro cantos se encontram bares e restaurantes que tem cerveja artesanal e cada vez mais gente procurando. Em 2007/ 2008 quando tudo começou aqui na Bahia, só tinha um lugar em Salvador e agora você vê em vários lugares e abrindo cada vez mais”.
Quando perguntado sobre a crise que atinge o Brasil, o produtor de cerveja conta que “o Instituto de Cerveja do Brasil fez até uma reportagem informando que o número de microcervejarias, do último ano pra cá aumentou mais ou menos 17%, apesar de o consumo de modo geral de cerveja tenha reduzido mais ou menos uns 2%. Eu, apesar do consumo geral de todo tipo de cerveja tenha reduzido, tenho percebido que o de cerveja artesanal tem aumentado ainda. Então, o mercado está ainda bastante aquecido”. Festivais de Cerveja também são grandes responsáveis pelo aumento do consumo, já que eles tem acontecido com mais frequência e chamado a atenção de mais amantes da bebida na terra de todos os santos.
Os produtores de cerveja estão distribuídos em vários lugares da Bahia, segundo Olivalter. “Na associação somos hoje 125 membros. Vamos dizer que 120 produzem, mas existem pelo menos 3 vezes mais que isso, fora da Acerva produzindo cerveja na Bahia inteira. Tem cerveja de Ilhéus, cerveja de Porto Seguro, tem Vitória da Conquista, tem muita gente fazendo cerveja. Inclusive a Universidade de Santa Cruz, lá em Ilhéus, montou um equipamento de cerveja para fazer pesquisa na área de cerveja utilizando leveduras nativas e pra fazer receitas com produtos originados na Bahia. Está acontecendo muita coisa em todos os cantos do estado”, explica.
Uma pergunta que é importante para o mercado de cervejas: por que a cerveja artesanal é mais cara do que a industrializada?
Olivalter explica: “De um modo geral a diferença básica de uma cerveja artesanal pra uma cerveja de industrial é a quantidade e a qualidade dos ingredientes utilizados no preparo. Enquanto uma cerveja industrial você consegue produzir em 11 dias, os caras fazem milhares de hectolitros de uma vez só. Uma cerveja artesanal no mesmo estilo utiliza certamente entre 2 ou 3 vezes mais a quantidade de malte. Onde o período de produção é três vezes maior. Então é um produto que você gasta mais ingredientes para produzir e demora mais tempo pra produzir. O que diferencia também é que as grandes cervejarias compram em quantidade absurda os ingredientes, o que no final das contas dão um preço menor. As cervejarias artesanais não tem tanta capacidade de produção, compram em quantidade menor. Tudo isso implica no valor dos custos de produção”.
Para saber mais sobre como o mercado tem sido visto por seus vendedores e produtores diretos, o VN conversou com Paulo Almeida um dos donos de um Beer Truck em Salvador, o “Brothers & Beers” . Segundo o empresário o que vem acontecendo com o mercado de cerveja na Bahia é um reflexo do que já estava acontecendo nas regiões Sul e Sudeste.
“O Brasil também tem reproduzido o que a Europa e a China tem feito há cerca de 20 anos. A cultura da cerveja artesanal é mais desenvolvida por lá. A Bahia pegou o embalo do Sul e Sudeste, crescendo a sua produção e venda. Agora, especificamente em Salvador e Região Metropolitana, a produção de cerveja tem se desenvolvido bem e sendo valorizada. Foi daí que tivemos a ideia de montar um negócio relacionado a cerveja artesanal”, relata.
Em relação à crise, o dono do beer truck acredita que não houve queda de vendas. Porém, ocorreu desaceleração. “A crise não afetou tanto o setor alimentício. Os produtos artesanais como a cerveja tem seus próprios consumidores e eles não deixaram de consumir. Ninguém para de beber e comer”, afirma. “Os festivais tem permitido que a cerveja seja um produto mais conhecido e valorizado pelo público. Deixando o industrializado de lado e fazendo ele procurar um produto de melhor qualidade. As pessoas vem à Bahia e procuram a cerveja da Bahia. Eles não querem mais ir a um estado e procurar algo que vão encontrar em casa. Isso tem sido um diferencial”, conta Paulo.
E você, ficou na vontade de tomar uma gelada só de ler? Que tal aprender a fazer sua própria cerveja? Veja abaixo dicas para começar.
Aprenda a fazer cerveja artesanal:
Equipamentos: Panela 25l ou 30l, conforme a quantidade a produzir; Colher; Fermentador 30L; Densímetro; Termômetro;Balança; Sacos de musselina; Serpentina em cobre (ou algo para “mergulhar” a panela em banho-maria).
Ingredientes: Água; Malte; Lúpulo; Levedura
Modo de Preparo:
Na panela coloque 5 a 6 litros de água, e junte os maltes de especialidade, moídos, (caso a receita escolhida os contenha) dentro do saco de musselina;
Deixe a água, juntamente com os maltes, aquecer lentamente até aos 65.5ºC, mantenha esta temperatura durante 20 minutos;
Junte agora o extracto de malte e a água restante até completar o total da receita, aproveite alguma desta água para lavar as latas do extracto;
Fervura
Esta consiste em aquecer o mosto até a temperatura de fervura, assim que se consiga uma fervura constante, deve-se adicionar o lúpulo de amargor e iniciar a contagem do tempo;
Minutos antes de se atingir o final desta etapa (normalmente dura 90 – 120 minutos), deve-se adicionar o lúpulo de aroma.
Arrefecimento
É nesta altura do processo que se deve arrefecer o mosto, recorremos a uma serpentina em cobre, para que o arrefecimento seja feito de uma forma “brusca”.Assim que se atingir os 25º – 27ºC esta fase esta completa.
Fermentação
Antes de colocar o fermento, devemos arejar o mosto, recorrendo a uma bomba de ar com pedra difusora e filtro anti-bacteriano;
Com o mosto já no fermentador, juntamos o fermento e fechamos bem para que não haja fugas;
Nesse momento a cerveja está “pronta”!