Lula sem Marisa e os planos do PT

A vida de Lula sem Marisa começa agora. Começou no sábado, depois das vastas emoções do funeral. Começou com a volta para o apartamento em que tudo fala dela dentro de uma ausência definitiva, que os companheiros tentarão preencher não o deixando só.

O luto é uma pausa para a dor que deve ser respeitada. A dor é dele (e da família) mas a vida de Lula sem Marisa é uma interrogação que interessa a todo o Brasil.

Ele vai se quebrar ou voltará com mais energia para a luta política? Manterá a disposição de ser candidato em 2018, quem sabe em 2017, a depender das incertezas que pairam sobre o quadro político? Todos os sinais apontam para a segunda hipótese mas o PT terá que readequar seu calendário ao luto.

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Nas conversas que teve com as dezenas de pessoas que recebeu no hospital, durante a internação de Marisa, e mesmo no discurso fúnebre, foi isso que ele indicou. Ele e Fernando Henrique têm muito mais histórias juntos, histórias que deixaram laços, do que supõem os exaltados dos dois lados.

FHC e Lula panfletaram juntos contra a ditadura tomando conhaque barato nos botecos do ABC. Seguiram rumos diferentes mas sabem que vieram de um sonho comum. Mais do que todos que estão aí na cena política, são herdeiros da democracia que ajudaram a construir. Por isso se abraçaram na morte de dona Ruth e agora na morte de Marisa.

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Mas na conversa entre eles houve espaço para a política. O encontro com Temer e sua comitiva Lula poderia ter agradecido e dispensado, como alguns gostariam que tivesse feito. Recusar solidariedade na morte é um gesto de arrogância que a mágoa não desculpa. E que subtrai, de certo modo, a homenagem que é prestada ao outro, ao que parte.

Nem Dilma deixou de compreender seu gesto. Mas o fato de Lula ter feito considerações políticas na conversa – que de modo algum podem ser entendidas como intenção conciliatória – também foi indicador de que sem Marisa ele seguirá em combate. Todos os que estiveram com ele no Sírio colheram esta impressão.

Mas agora, vem a pausa para o luto. O PT, que planejava lançar sua candidatura em abril, para oficializá-la no congresso do partido, marcado para junho, terá que esperar sua dolorosa assimilação da perda. Terá que se ajustar ao tempo emocional dele para voltar a tratar do assunto.

 

Por Teresa Cruvinel

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