PRB emite nota e contestando reportagem do jornal Estadão; matéria aborda possível envolvimento do partido no Caso Lava Jato
Em nota divulgada no sábado (18/02/2017), o Partido Republicano Brasileiro (PRB) contestou informações contidas na matéria ‘Delação da Odebrecht cita R$ 7 milhões a ministro do PRB’, veiculada no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão).
A matéria aborda possível envolvimento do PRB no Caso Lava Jato, e relata que o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e presidente licenciado do PRB, “Marcos Pereira, negociou um repasse de R$ 7 milhões do caixa 2 da Odebrecht para o PRB na campanha de 2014, segundo depoimento que integra a delação da empreiteira na Lava Jato. Os recursos, entregues em dinheiro vivo, compraram apoio do partido então presidido por Pereira à campanha de reeleição de Dilma Rousseff, que tinha Michel Temer como vice. O dinheiro dado ao PRB fazia parte de um pacote maior, que envolvia também o apoio de PROS, PCdoB, PP e PDT à chapa governista”.
O PRB contestou as informações veiculadas pelo estadão inferindo que elas não correspondem a veracidade dos fatos. “Surgem, assim, frases genéricas que não têm forma ou conteúdo de prova, como, por exemplo, “negociou um repasse”, “os recursos entregues em dinheiro vivo compraram o apoio” e “na época Pereira tratou pessoalmente do assunto”. Tudo para chegar à inverídica afirmação de que o PRB teria vendido seu apoio à candidatura da presidente Dilma.”.
Nota de Esclarecimento
O PRB nega que o presidente nacional licenciado do partido, Marcos Pereira, ou outra pessoa em seu nome tenha recebido da Odebrecht quantia em dinheiro proveniente de caixa 2 para a campanha de 2014.
A reportagem do jornal O Estado de S.Paulo não corresponde à verdade dos fatos, o que se mostra esperado, pois adotou palavras unilaterais de delação premiada, a qual nem mesmo teve o sigilo levantado pelas autoridades competentes.
Surgem, assim, frases genéricas que não têm forma ou conteúdo de prova, como, por exemplo, “negociou um repasse”, “os recursos entregues em dinheiro vivo compraram o apoio” e “na época Pereira tratou pessoalmente do assunto”. Tudo para chegar à inverídica afirmação de que o PRB teria vendido seu apoio à candidatura da presidente Dilma.
Vale lembrar que, à época, o PRB tinha apenas 8 deputados federais e o menor tempo de televisão entre os partidos que apoiaram a candidata do PT.
A convenção que definiu o apoio ao PT aconteceu nas últimas horas do último dia possível, porque Marcos Pereira tentou até o fim levar o PRB para outro projeto, o que acabou não acontecendo por questões conjunturais.
Convém registrar ainda que, na convenção do dia 30 de junho de 2014, com a presença do então ministro Paulo Bernardo, Marcos Pereira fez um discurso recheado de críticas ao governo Dilma e condicionou a manutenção do apoio à melhora da economia, entre outras medidas que a Executiva achava cruciais – inclusive se posicionando contra a regulação da mídia.
Marcos Pereira esteve na sede da Odebrecht por duas vezes para tratar de doações de campanha dentro da lei, como é praxe aos dirigentes partidários, quando as regras eleitorais ainda permitiam arrecadar recursos empresariais. No entanto, nenhum valor foi destinado ao partido.
A acusação, em suma, se apresenta irresponsável ao tentar macular Marcos Pereira, cuja atuação no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços conta com o atendimento de quase 800 agendas em nove meses de gestão e com o avanço em temas importantes para o País.
Marcos Pereira encontra-se à disposição de quaisquer autoridades publicas e almeja, rapidamente, poder trazer os esclarecimentos necessários para pôr fim a este absurdo.
Partido Republicano Brasileiro – PRB
Executiva Nacional
Confira reportagens do Jornal Estadão sobre as possíveis implicações do PRB na Caso Lava Jato
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, negociou um repasse de R$ 7 milhões do caixa 2 da Odebrecht para o PRB na campanha de 2014, segundo depoimento que integra a delação da empreiteira na Lava Jato. Os recursos, entregues em dinheiro vivo, compraram apoio do partido então presidido por Pereira à campanha de reeleição de Dilma Rousseff, que tinha Michel Temer como vice.
O dinheiro dado ao PRB fazia parte de um pacote maior, que envolvia também o apoio de PROS, PCdoB, PP e PDT à chapa governista. Ao todo, a Odebrecht colocou cerca de R$ 30 milhões na operação, como o Estado revelou em dezembro. O acordo é descrito, com diferentes pedaços da história, nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da empreiteira, e dos executivos Alexandrino Alencar e Fernando Cunha.
Sexto ministro de Temer citado na Lava Jato, na época Pereira tratou pessoalmente do assunto com Alexandrino, um dos 77 executivos da Odebrecht que fizeram acordo de delação já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com as delações, Pereira esteve mais de uma vez na sede da Odebrecht em São Paulo para combinar como e a quem o dinheiro, entregue em parcelas, deveria ser repassado.
O ministro rebate as afirmações dos delatores. “Eu desconheço essa operação. Comigo não foi tratado nada disso”, disse. “Delação não é prova.”
Presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira é homem forte no partido fundado por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus após o escândalo do mensalão. Ao Estado, ele contou que ajudava a arrecadar recursos para campanhas do seu partido, que tem 23 deputados, um senador e comanda a prefeitura do Rio, com Marcelo Crivella. A pasta da Indústria, embora tenha perdido poderes com Temer, continua sendo uma das mais relevantes do governo
O apoio do PRB e dos outros quatro partidos garantiu à chapa Dilma-Temer 2 minutos e 39 segundos a mais na propaganda eleitoral de televisão – totalizando mais de 11 minutos, ante apenas 6 minutos de Aécio Neves, o candidato do PSDB. O PRB recebeu R$ 7 milhões em troca de 20 segundos por dia de campanha.
Segundo os relatos dos executivos da Odebrecht, a empreiteira agiu a pedido de Edinho Silva, então tesoureiro da campanha de Dilma e hoje prefeito de Araraquara (SP), realizado num encontro com Marcelo e Alexandrino em São Paulo.
Feito o acerto, de acordo com os depoimentos, Alexandrino ficou encarregado de fazer com que PCdoB, PROS e PRB recebessem R$ 7 milhões cada um do departamento de propinas da Odebrecht. Fernando Cunha mandou R$ 4 milhões para o PDT. O Estado não conseguiu confirmar como foi a negociação com o PP.
Edinho Silva nega o acerto com a Odebrecht. “Não participei de tratativas com os partidos na época das composições. Eu ainda não era coordenador financeiro”, afirmou. Procurada, a Odebrecht informou que não iria se manifestar.
Os relatos de que houve compra de apoio partidário para a campanha Dilma-Temer poderão ser analisados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo que investiga abuso de poder político e econômico na campanha. O Estado apurou que o relator, ministro Herman Benjamin, decide nesta semana se vai requisitar os depoimentos, que estão na Procuradoria-Geral da República.
Outras Citações
Eliseu Padilha (PMDB) – Casa Civil
Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, apontou Padilha como preposto de Michel Temer e do PMDB para receber valores, via caixa 2. Padilha negou ter arrecadado para o partido. Temer repudiou as declarações.
Moreira Franco (PMDB) – Secretaria-Geral da Presidência
Melo Filho citou tratativas com o ministro na área de aeroportos. Outro ex-executivo da Odebrecht, Paulo Cesena, também citou Moreira. O ministro disse que, como titular da Aviação Civil, sempre atuou “de acordo com as leis”.
José Serra (PSDB) – Relações Exteriores
Pedro Novis e Carlos Armando Paschoal, executivos da Odebrecht, relataram repasse de R$ 23 milhões, via caixa 2, à campanha presidencial de Serra em 2010. O chanceler negou irregularidades.
Gilberto Kassab (PSD) – Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
Paulo Cesena, da Odebrecht, mencionou doações de R$ 14 milhões para o ministro, em 2013 e 2014. Kassab afirmou que as doações recebidas foram legais.
Bruno Araújo (PSDB) – Cidades
Cláudio Melo Filho disse que mantinha “boa relação profissional e pessoal” com o então deputado, com quem tratou de temas como “política na Bahia” e “renovação dos contratos de energia no Nordeste”. Araújo disse que valores recebidos da empreiteira foram declarados à Justiça.
*Reportagem de David Friedlander e Andreza Matais, publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
‘Fui pedir doação à campanha do Crivella a governador’, diz ministro
O ministro da Indústria e presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira, “nega veementemente” ter recebido dinheiro em troca do apoio do partido à chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014.
Confira a entrevista
O senhor recebeu R$ 7 milhões de caixa 2 da Odebrecht?
— Nego veementemente.
Esteve com Alexandrino Alencar em 2014?
— Não. Se eu tive com ele foi em 2012, salvo engano para solicitar alguma doação para a campanha do Celso Russomanno.
Na delação da Odebrecht há relato de que o senhor tratou do recebimento dos R$ 7 milhões com Alexandrino.
— Não procede. Já disse que a única vez que eu me recordo que eu estive com ele foi em 2012 num prédio próximo do shopping Eldorado.
O senhor não foi mesmo ao prédio da Odebrecht em 2014?
— Acho que estive com ele uma vez. Fui pedir doação para a campanha do Marcelo Crivella a governador do Estado do Rio.
Como foi a conversa?
— Ele disse que poderia doar para o Crivella, mas que o Crivella não aceitava doação de empresas.
O senhor foi até a sede da Odebrecht pedir dinheiro para o Crivella sem ele querer?
— Nem sabia que o Crivella não queria. Agradeci e fui embora.
O que acha do relato de que recebeu R$ 7 milhões?
— Como é que vão dar R$ 7 milhões para o PP, que tinha mais de 30 deputados, e vão dar R$ 7 milhões para o PRB, partido que tinha 8 deputados? Não faz sentido. Como você vai fazer a divisão igual para partidos que têm tempos diferentes?
*Entrevista de Andreza Matais, publicada no jornal O Estado de S. Paulo.