Delator diz que fez contrato falso e deu R$ 500 mil para reformar sítio frequentado por Lula
O engenheiro civil Emyr Costa, delator, relatou à Procuradoria Geral da República (PGR) que comprou um cofre para guardar R$ 500 mil repassados, em cédulas, pela Odebrecht para reformar a obra do sítio de Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente Lula e que ajudou a elaborar um contrato falso para esconder que a Odebrecht executou a reforma da propriedade. De acordo com o engenheiro, ele usou o dinheiro para pagar a equipe de engenheiros e operários, além dos materiais utilizados para reformar o sítio. O Instituto Lula afirmou que “o sítio não é de propriedade do ex-presidente”. “Seus donos já provaram tanto a propriedade quanto a origem lícita dos recursos que utilizaram na compra do sítio”, diz a nota. O delator é um dos 78 executivos que fizeram acordo com a PGR para relatar as irregularidades cometidas pela Odebrecht. “Eu peguei toda informação e mostrei para Carlos Paschoal (executivo da Odebrecht que era responsável pelas operações da empreiteira em São Paulo) e expliquei e disse que era necessário 500 mil [reais]. Ele me autorizou a começar o trabalho e disse que ia entregar o dinheiro através dessa equipe de operações estruturadas. Ele pediu para ligar para a senhora Maria Lúcia Soares. Eu nunca tinha feito uma obra dessa natureza e comprei um cofre. Semanalmente, eu entregava R$ 100 mil . Eu recebi esse dinheiro em espécie”, contou Costa aos procuradores. Emyr teria sido destacado para coordenar as obras do sítio no final em 2010 pelo executivo Carlos Paschoal, responsável pelas operações da Odebrecht em São Paulo. “[Paschoal] me disse que era para eu destacar um engenheiro de confiança para mandar até o apartamento do Lula e fosse até o sitio de Atibaia fazer umas reformas. Essa reunião foi na construtora”, disse o delator aos procuradores, afirmando que teria ouvido de um dos seus chefes que o sítio também era utilizado por Lula. Em um dos trechos, o engenheiro explicou que auxiliou o advogado Roberto Teixeira e o ex-dirigente da Odebrecht Alexandrino Alencar a redigir um contrato falso para não revelar o envolvimento da construtora na reforma do sítio. “A gente colocou mais baixo que os 700 mil [reais]. Colocamos 150 mil e eu fiz o contrato pessoalmente, marquei uma reunião, levei o contrato, pedi para ele assinar e emitir uma nota no valor do contrato. Ele me devolveu e eu e eu voltei um dia antes para o senhor Roberto Teixeira eu fui sozinho e me registrei novamente na portaria”, complementou.