Centro de Referência completa 11 anos de atenção à mulher vítima de violência em Lauro de Freitas
O Centro de Referência Lélia Gonzáles (CRLG) completou, nesta quarta-feira (20), 11 anos de atuação no acolhimento à mulheres vítimas de violência doméstica em Lauro de Freitas. A unidade implantada no município em 2006, primeira gestão da prefeita Moema Gramacho, oferece apoio psicológico, jurídico e social além de proporcionar ocupações terapêuticas a todas que buscam os suportes que o equipamento oferece.
A secretária de Políticas para Mulheres, Bárbara Chaves, considera o CRLG um dos principais pontos da rede de apoio às mulheres. Sua proposta é ampliar os serviços, além do atendimento já oferecido, e os mecanismos de autonomia financeira que possam ajudar a mulher a romper o ciclo de agressão. ”Estudos mostram que muitas mulheres só conseguem romper esse ciclo quando sentem que terão uma renda para o sustento delas e dos filhos”
Somente nos três primeiro meses deste ano, a unidade já atendeu mais de 500 usuárias. De acordo com a coordenadora do Centro, Sulle Nascimento, o número de mulheres acolhidas já supera os atendimentos de todo o ano de 2016. “O equipamento foi completamente desativado e desassistido pela gestão anterior. Ao chegarmos aqui encontramos um cenário de caos. As instalações do prédio totalmente destruídas e sem corpo técnico para atender à crescente demanda”.
Na estrutura de apoio contra a violência, o CRLG conta com o salão “Maria da Penha”, onde cursos profissionalizantes e oficinas artísticas com artesanatos, corte e costura e outros são promovidos.
Vinculado à Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SPM) e interligado com órgãos que integram a Rede de Atenção a Mulher, no Centro as assistidas aprendem a identificar tipos de violência classificadas em: sexual, patrimonial, moral, física, psicológica; tráfico de mulheres, assédio sexual; e assédio moral, dispostos na Lei Maria da Penha.
De acordo com dados do Mapa da Violência de 2015, Lauro de Freitas está entre as 60 cidades brasileiras com maiores índices de violência doméstica, e ocupa o décimo lugar no ranking baiano. Em 2013, a estatística aponta que 16 mulheres foram assassinadas por homens considerados namorados, companheiros ou maridos. “É preciso mudar está realidade, somente com a união de todos os equipamentos públicos poderemos conseguir a redução destes índices”, completa.
Lélia Gonzalez
O Centro de Referência foi batizado com o nome de Lélia Gonzalez em homenagem a intelectual mineira, professora e antropóloga com legado histórico na educação brasileira com foco em gênero e etnias.
No local, uma estátua completa o tributo. “Lélia foi uma figura marcante para o feminismo negro. Uma das heroínas da nossa cultura. Ela dedicou sua carreira acadêmica aos estudos das relações raciais no Brasil, sendo a responsável pela introdução ao debate sobre o racismo”, relata a secretaria Bárbara Chaves.