Com medo da reforma da previdência, 4 mil professores pedem aposentadoria na Bahia
Mais de 4 mil professores da rede estadual de ensino da Bahia já entraram com pedido de aposentadoria, de janeiro de 2016 até maio de 2017, com medo de prejuízos com a reforma da previdência proposta pelo governo federal. No ano passado, 3 mil processos para aposentadoria foram abertos. Esse ano, já são 1.112. Os dados são da Secretaria Estadual de Educação.
Atualmente, cerca de 7 mil professores do estado já atingiram a idade e o tempo de serviço para se aposentar. “Há um sentimento de que haverá muitas perdas. O professor ou a professora que já estava com o seu planejamento de vida tudo organizado, com o tempo correto para aposentar, está correndo”, afirma Marilene Betros, presidente do Sindicato dos Professores.
A professora Rosana Zaidan é uma dos que solicitaram a aposentadoria, após 36 anos ensinando biologia na rede estadual. Ela deu entrada no processo em março desse ano. “Conviver com essa juventude é sempre muito bom. Eles [os alunos] são alegres, contribuem muito com o social da gente, mas infelizmente é preciso parar. Já contribuí o que tinha que contibuir”, afirma.
Para tentar evitar uma saída em massa de professores do quadro da rede estadual, o governo estadual criou uma gratificação especial. O valor da Bolsa Permanência é de R$ 800 para quem trabalha 20h semanais e de R$ 1.600 para quem trabalha 40h por semana. A gratificação tem duração de dois anos e pode ser prorrogada por igual período.
O prazo para aceitação do benefício termina na quarta-feira (31). “Vai acrescentar esse valor na remuneração dos professores. Eles vão permanecer também recebendo o abono de permanência que já recebiam porque já tinham tempo para se aposentar”, destaca Ana Catapano, superintendente de recursos humanos da Secretaria Estadual de Saúde.
A meta do governo estadual é manter, ao menos, três mil professores aptos a se aposentar em atividade. Até a segunda-feira (29), apenas 620 dos sete mil que estão em condições de solicitar a aposentadoria demonstraram interesse em aderir ao programa de permanência.
“A dúvida é essa: me aposentar agora, ficar livre de tudo e cuidar da minha vida, ou ficar mais um ano fazendo o que eu gosto, o que eu quero, inventando coisa e criando. A dúvida é essa”, destaca a professora Cecília Caramés.