CEO e fundador da Uber deixa cargo por tempo indeterminado
O cofundador e presidente executivo do aplicativo de carona paga Uber, Travis Kalanick, anunciou nesta terça-feira, 13, que vai tirar uma licença da empresa por tempo indeterminado. A saída do executivo, em meio à grave crise de imagem que assola a companhia, foi anunciada em um e-mail para os funcionários e faz parte de uma série de recomendações feitas ao conselho administrativo do Uber após investigação interna de denúncias de assédio sexual na empresa. Kalanick afirma que está deixando a empresa para atravessar o período de luto após a morte de sua mãe, no fim de maio. Ainda na carta, ele diz que usará a licença para “refletir, trabalhar em si mesmo”.
Ele disse que não vai determinar um prazo para retornar à empresa. “A responsabilidade sobre onde e como chegamos está em meus ombros”, afirmou Kalanick. “Para que o Uber 2.0 tenha sucesso, não há nada mais importante do que dedicar meu tempo a construir o time de liderança. Eu também preciso trabalhar no Travis 2.0 para me tornar o líder que essa empresa precisa.”
Até que Kalanick volte para a empresa, o Uber não terá outro presidente executivo. A empresa pretende contratar um diretor de operações que vai atuar sob supervisão direta do conselho. A empresa afirmou que o executivo vai atuar como parceiro do presidente executivo afastado, focando na operação diária, além da cultura e instituições que fazem parte do Über.
O relatório também aponta para outras mudanças na empresa. Além de conselho mais atuante, empresa deve ter reformulação de valores, gestão mais forte de pessoas e recrutamento de profissionais negros e hispânicos em seleções às cegas, sem discriminação com origem ou gênero. “O Uber pode fazer as coisas de forma diferente a partir de agora”, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” o diretor de pesquisas da consultoria Gartner, Michael Ramsey . Coordenador do centro de estudos em negócios do Insper, Paulo Furquim afirma que é o momento da empresa recuperar espaço. “O Uber teve um crescimento desmedido e prejudicou a qualidade do serviço. É o momento da empresa se restabelecer”.
Queda
Nos últimos meses, o Uber vive uma grave crise. Desde fevereiro, a empresa conduz uma investigação interna, após denúncias de casos de assédio sexual e moral na companhia, causando a saída de vários executivos. Na semana passada, após resultado parcial da investigação, 20 funcionários foram demitidos. No período, Kalanick também se envolveu em brigas com motoristas do app e sofreu acusações de fraudes tecnológicas.
Ao jornal “O Estado de S Paulo”, o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Pedro Zanni, afirma que o caso deve se estender. “A história não acabou”, disse o professor. “O caso deve continuar a ser investigado e, em último caso, Kalanick deve ser afastado em definitivo.”