Dez prefeitos de capitais podem concorrer em 2018
João Doria (PSDB-SP) fugiu de ovadas e foi aplaudido por empresários no Nordeste. ACM Neto (DEM-BA) foi à vaquejada de Serrinha, no sertão. Marcus Alexandre (PT-AC) palestrou em cidades do Alto Acre. Carlos Amastha (PSB-TO) percorreu o norte do Tocantins.
Os quatro são prefeitos de capitais em seus respectivos Estados e, com viagens a outras cidades e regiões, miram voos mais altos em 2018.
A cinco meses do fim do prazo para desincompatibilização para quem quer disputar as eleições, pelo menos dez prefeitos de capital são cotados para concorrer a governos estaduais, ao Senado e até à Presidência.
Caso o número se confirme, será um recorde. Desde a redemocratização, 20 prefeitos de capital deixaram seus cargos para tentarem ser governadores ou senadores; seis deles em 2010, ano em que houve mais renúncias.
A história mostra que deixar o cargo traz riscos: desde 1989, destes 20 prefeitos, 9 perderam nas urnas. Foi o caso de Tarso Genro (PT), de Porto Alegre, em 2002, e Iris Rezende (PMDB), de Goiânia, em 2010 –ambos tentaram o governo estadual.
PALANQUES
Três prefeitos de capital hoje são tidos como certos nas disputas a governador: ACM Neto na Bahia, Marcus Alexandre no Acre e Carlos Amastha no Tocantins.
“Minha candidatura é a mais forte dentro do grupo da oposição [estadual]. Temos condições de competitividade muito boas, com palanques em quase todos os municípios”, disse ACM Neto.
Ele reafirma que não há decisão tomada, mas sua movimentação não deixa dúvidas: elegeu como vice um ex-assessor de confiança, Bruno Reis (PMDB), tem visitado o interior com frequência e protagoniza embates ásperos com o governador Rui Costa (PT).
Amastha (PSB), de Palmas, afirma que está “firme na discussão” para ser candidato a governador e que tem o respaldo da direção nacional do partido. “A decisão depende apenas de equacionar a situação da prefeitura”, diz.
A vice-prefeita Cíntia Ribeiro (PSDB) tem assumido mais funções na gestão e deve rumar a um partido da base aliada, já que os tucanos devem ser adversários: o senador Ataídes Oliveira (PSDB) também é pré-candidato ao governo.
Já o petista Marcus Alexandre, de Rio Branco, foi aclamado como pré-candidato a governador do Acre no último fim de semana.
PLANALTO
Único dos dez potenciais candidatos que cumpre primeiro mandato, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pode disputar a Presidência ou o governo estadual.
Para isso, terá que suplantar na disputa interna tucana seu padrinho político (o governador Geraldo Alckmin) e outro prefeito de capital: Arthur Virgílio Neto, de Manaus.
Virgílio defende a realização de prévias internas, mesmo após o prazo de desincompatibilização. “Renuncio com tranquilidade”, diz. Caso não consiga a indicação, ele deve tentar voltar ao Senado e deixar o cargo com seu vice, Marcos Rotta (PSDB).
No Nordeste, outros três prefeitos de capital podem entrar na disputa pelo governo: Rui Palmeira (PSDB), de Maceió, Luciano Cartaxo (PSD), de João Pessoa, e Carlos Eduardo (PDT), de Natal.
O primeiro é considerado o único nome forte para se contrapor ao governador Renan Filho (PMDB), que deve tentar a reeleição.
Cartaxo (PSD) busca consenso para ser o candidato da oposição paraibana contra o secretário João Azevedo (PSB), provável candidato do governador Ricardo Coutinho (PSB).
Já o prefeito de Natal é visto como coringa no confuso cenário potiguar, no qual o governador, Robinson Faria (PSD), e outros nomes tradicionais são alvos de investigações.
Na região Norte, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), é nome competitivo para o governo de Roraima. Caso decida concorrer, será a segunda vez que ela renuncia à prefeitura para disputar eleições: em 2006, ela deixou o cargo para tentar o Senado e não venceu.
No Pará, a falta de um nome para a sucessão de Simão Jatene (PSDB) pode alçar o prefeito de Belém à vaga. Mas Zenaldo Coutinho (PSDB) tem baixa popularidade e enfrenta processo de cassação.