Dia da Baiana é festejado com samba em Salvador

 Dia da Baiana é festejado com samba em Salvador

Foi sambando miudinho ao som do clássico Ê Baiana, eternizado na voz da cantora mineira Clara Nunes, que dezenas de baianas de acarajé subiram as ruas do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, comemorando neste sábado, 25, dedicado a elas.

O cortejo, que seguiu até o Memorial das Baianas de Acarajé, na praça da Cruz Caída, onde a festa chegaria mais tarde ao seu ponto alto, saiu da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no largo do Pelourinho. 

Lá, às 10h, uma missa promovida pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) homenageou o ofício, considerado patrimônio cultural brasileiro pelo órgão.

Em meio à mistura do ijexá do candomblé com cânticos e orações católicos, as baianas de acarajé saudaram a profissão. Paramentadas com turbantes coloridos, colares de contas e anáguas rodadas, elas roubaram a cena, atraindo cliques dos fotógrafos amadores e profissionais que, nos corredores da igreja, disputavam o melhor ângulo.

Na celebração, que pouco lembrava uma missa tradicional, o padre Lázaro Muniz usou dados de violência contra a mulher e mortes por feminicídio para pedir a valorização da profissão.

A presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares (Abam), Rita Santos, admitiu a baixa adesão da categoria aos festejos.

Segundo ela, esse fato se deve ao crescimento dos tabuleiros que, comandados por evangélicos, vendem o chamado “bolinho de Jesus” a R$ 1. “Se não há fiscalização da prefeitura para salvaguardar nosso ofício, vai crescer mesmo o número de vendedor de acarajé e as baianas de verdade vão perdendo a força”, desabafou.

Patrimônio

Mais tarde, já na Cruz Caída, o prefeito de Salvador, ACM Neto, saudou as baianas, acompanhado de secretários e auxiliares. Foi o município, contou Rita, que garantiu a estrutura para a festa neste ano. O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) também patrocinou o festejo.

Acarajés, abarás e feijoadas foram servidos a quem foi à praça. Entre falas de personalidades políticas, troféus da campanha Baiana Legal foram entregues às baianas que obedecem aos padrões estabelecidos no decreto municipal que regulamenta a prática da profissão nas ruas de Salvador.

Na ocasião, também foi apresentado à categoria um projeto de lei do vereador Sílvio Humberto (PSB) que, se aprovado, tornará o ofício patrimônio imaterial do município.

Além disso, um documentário sobre a profissão foi lançado pela Biblioteca Virtual da Fundação Pedro Calmon, órgão da Secretaria Estadual de Cultura. 

Hospedado no site A Bahia Tem Dendê, que será a plataforma digital oficial da Abam, o vídeo conta a história do ofício desde a época da escravidão.

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