Jungmann muda versão sobre desvio de munição nos Correios da Paraíba
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, divulgou nota nesta segunda-feria alterando a informação que deu na última sexta-feira, de que a munição do mesmo lote usado pelos assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL) foi roubada na sede dos Correios da Paraíba.
Segundo o ministério, a Polícia Federal instaurou o inquérito policial número 1909/2017, na delegacia de Campina Grande, na Paraíba, para apurar o arrombamento da agência dos Correios do município paraibano de Serra Branca, ocorrido em 24 de junho de 2017. De acordo com a nota, bandidos explodiram o cofre da agência e roubaram objetos e valores.
Na cena do crime, a Polícia Federal encontrou cápsulas de munições diversas, entre elas do lote vendido à PF de Brasília, em dezembro de 2006, pela Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e usado no crime no Rio. Na nota, o ministro esclarece que não associou diretamente o episódio da Paraíba com as cápsulas encontradas no local do assassinato da vereadora e de seu motorista. Explica que a presença dessas cápsulas da PF no local pode ter origem em munição extraviada ou desviada, e informa que há outros registros de munição da Polícia Federal encontradas em outras cenas de crimes sob investigação.
De acordo com a nota, o ministro citou o episódio da Paraíba e também um desvio de munição na Superintendência da PF do Rio, esta em 2006, “como exemplos de munição extraviada que acabam em mãos de criminosos”. O Ministério da Segurança Pública diz que a PF “prossegue no rastreamento de possíveis outros extravios”.
A nota foi motivada pelo fato de a direção dos Correios ter negado qualquer desvio de munição da PF em suas agências na Paraíba. Em entrevista ao GLOBO, o presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, disse desconhecer desvio de munição da PF em unidades dos Correios naquele estado, e chegou a pedir ao ministro que passasse as informações.
— O ministro deve ter alguma informação que não temos — afirmou Guilherme Campos.
O escrivão aposentado Cláudio de Souza Coelho, da Superintendência da PF do Rio, citado pelo ministro com outro responsável por desvios de munição do mesmo lote, negou envolvimento no crime e explicou que foi demitido da PF em setembro de 2006, três meses antes de a munição citada pelo ministro ter sido comprada pela PF.