Situação do Rio Joanes é debatida em sessão especial
Responsável por 40% do abastecimento de água de Salvador e municípios da Região Metropolitana, o Rio Joanes está em situação de alerta. Soluções para despoluição do rio e seus afluentes foram discutidas em sessão especial na Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (6). A atividade foi presidida pelo vereador Paulo Câmara (PSDB), que recebeu do secretário de Planejamento do município de Lauro de Freitas, Mauro Cardim, e da Organização Social de Interesse Público Rio Limpo uma carta aberta com “ações positivas” para o salvamento do Joanes.
“Em março, participei do Fórum Mundial da Água e coordenei a 5ª Conferência Internacional de Autoridades Locais. Na oportunidade, pude ver que a situação do Joanes acontece no mundo todo e que há ótimas alternativas para a tomada de soluções. Precisamos adotá-las agora, pois em 2050 mais de 70% da população estará concentrada na zona urbana, o que aumenta a demanda do abastecimento em 50%”, destacou o vereador, que entregou a Mauro Cardim uma placa de reconhecimento pelo trabalho em prol do rio.
Mauro Cardim afirmou que o Rio Joanes é agredido desde a sua nascente em São Francisco do Conde, onde há um grande desmatamento no entorno, além de ser poluído no trajeto pelo despejo de lixo e esgoto. Para o secretário de Planejamento de Lauro de Freitas, é preciso uma ação coletiva desenvolvida por todos os municípios do entorno do Joanes para solucionar a questão.
“O Rio Joanes nasce em São Francisco do Conde, passa por Candeias, São Sebastião do Passé, Dias D’Ávila, Camaçari, Simões Filho e chega quase morto à foz, em Lauro de Freitas. Já foram encontradas na água bactérias resistentes que, ao serem despejadas no mar, já criam um novo problema ambiental na região de Buraquinho”, pontuou o secretário Mauro Cardim.
Defesa
“Os municípios da Região Metropolitana têm contribuído para a morte do rio. Salvador também tem sua parcela de culpa, pois despeja grande quantidade de esgoto no Ipitanga que deságua no Joanes”, afirmou o diretor da Rio Limpo, Fernando Borba. A entidade atua em defesa do Joanes há dez anos e reúne mais de 250 pescadores e moradores de Lauro de Freitas.
Borba afirma, ainda, que a Embasa retém a água no barramento Joanes I. “Uma vazão mínima poderia ajudar a diluir o esgoto. Há anos pleiteamos que a Embasa cumpra a Lei das Águas, que diz que nenhuma represa pode deixar definitivamente estancada a circulação de água nova para a calha do rio”, frisou Borba. “Após a barragem, o rio está seco e em péssimas condições”, completou o diretor da Rio Limpo.
Também foi pedida na sessão especial a votação do Projeto de Lei nº 53/18 que visa à destinação correta do óleo vegetal nas escolas municipais. A solicitação foi feita pela Biotank, empresa que realiza a coleta de óleo vegetal em 10% dos restaurantes da Região Metropolitana de Salvador. “Um litro de óleo contamina 25 mil litros de água. O óleo também entope os dutos. É preciso fazer um trabalho de conscientização com a população. Coletado de forma correta, esse material pode ser transformado em diesel e sabão”, destacou o diretor de expansão da Biotank, Giovane Arcanjo.
A ex-vereadora e membro da Organização Internacional da União Europeia, Geracina Aguiar, disse que é preciso olhar para os afluentes do Joanes. “Se não olharmos agora para a situação dos rios, passaremos por um colapso no abastecimento de Salvador”, avaliou.
A sessão especial também contou com a participação de estudantes da rede municipal de Lauro de Freitas