Correria! Rui tem apoio de 64,5% dos prefeitos da Bahia para reeleição
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), tentará a reeleição em outubro com pelo menos 269 prefeitos ao seu lado – o que significa ter 64,5% dos palanques municipais ao seu dispor. Esse número, porém, pode ser ainda maior entre as 417 cidades baianas, já que a migração de prefeitos anteriormente oposicionistas para a base do governo só cresce após o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), ter desistido se candidatar ao Palácio de Ondina.
O número de defecções é difícil de ser calculado, em razão da informalidade das migrações, muitas delas, ainda não oficializadas. Mas o senador Otto Alencar, cacique do PSD na Bahia, afirma que somente a legenda dele contabiliza mais seis prefeitos após a desistência do líder do DEM.
A expectativa, avalia um interlocutor do PSD, é que o número de municípios administrados pela sigla, que elegeu 81 prefeitos nas eleições de 2016, chegue a 100 em pouco tempo – consolidando-se como a maior força partidária da base aliada governista. Até prefeitos do DEM, partido que encabeçará a chapa oposicionista, já estão migrando para a base do governo, segundo apurou o Estado.
Atualmente, os partidos que compõem o grupo de oposição ao governo Rui Costa – DEM, PSDB, MDB, PRB, PPS, PTB, PSC, PV, PTC, PHS, Solidariedade e Avante – conta oficialmente com 34,8% dos palanques municipais (o que corresponde a 145 prefeitos). Esse número, no entanto, cai para 97 se for considerado que o MDB, partido que comanda 48 prefeituras baianas, lançou pré-candidatura própria ao governo, do ex-ministro da Integração Nacional João Santana.
O MDB ainda negocia para atrair para seu lado alguns partidos que atualmente estão alinhados ao pré-candidato do DEM ao governo, José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana e principal postulante da oposição ao Palácio de Ondina.
A Rede, que se apresenta como independente na disputa ao governo e tem a ex-vice-prefeita Célia Sacramento como pré-candidata, administra três municípios no estado – o que corresponde a 0,7% do total de cidades da Bahia.
Ponderações
Questionado sobre a aparente desvantagem, José Ronaldo afirmou que a oposição lidera municípios de grande porte – como Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, entre outros – o que coloca o grupo próximo aos governistas em relação ao números de eleitores.
O pré-candidato do DEM lembrou que candidatos retardatários nas pesquisas e sem apoio de prefeitos já conseguiram ganhar as eleições para o governo da Bahia. Foi o caso de Jaques Wagner (PT), quando venceu o então favorito Paulo Souto (então no antigo PFL) no primeiro turno, mesmo contra todos os prognósticos e apoios em favor do candidato do carlismo.
“Se fosse fazer questão matemática na política, ninguém disputaria eleição, porque já estaria achando que ia perder. Na política, dois mais dois nem sempre são quatro”, disse José Ronaldo, afirmando que tem chances reais de derrotar Rui Costa nas urnas.
Principal cabo eleitoral de José Ronaldo, o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, também acredita na viabilidade da candidatura oposicionista. Para ele, o patamar de palanques atingidos por José Ronaldo atualmente – cerca de 40%, nas suas contas – “é um ponto de partida fantástico para quem está na oposição”.
Já o senador Otto Alencar, uma das principais lideranças do governo e provável coordenador da campanha de Rui Costa à reeleição, rechaça o clima de favoritismo no campo governista. Ele diz que a equipe trabalhará “como se houvesse risco” de derrota. “O ‘já ganhou’ é a pior coisa que pode acontecer na política”, declarou, afirmando que o governo “está preparado para derrotar quem quer que seja”.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Joviniano Neto, o apoio de prefeitos é importante, mas deve ser relativizado. Além do caso citado por José Ronaldo, ele lembrou que, em 1986, o então candidato do governo a Ondina, Josaphat Marinho (UDN), tinha mais de 300 prefeitos ao seu lado, mas acabou derrotado pelo “clima de mudança” representado por Waldir Pires. “Essa vantagem, então, pode ser anulada por um clima geral, o que a gente chama de critérios globais, que influenciam muito nas eleições majoritárias”, explicou.
Estadão