2 de fevereiro é dia de Iemanjá, a Rainha do Mar: Conheça os detalhes das comemorações deste dia

 2 de fevereiro é dia de Iemanjá, a Rainha do Mar: Conheça os detalhes das comemorações deste dia

Oguntê, Caiala, Inaiê, Janaína, Oloxum, Sobá, Dandalunda, Mucunã, Maria, Princesa de Aiocá, Iemanjá. Os nomes são muitos, mas a fé é uma só. Uma mãe que canta, alimenta, protege e cuida dos filhos. Deusa das Sereias ou das Ondinas, aquela a quem se chama na beira do mar, como canta Mateus Aleluia. E, neste domingo (2), Dois de Fevereiro, é o dia Dela, uma tradição que teve início em 1923, na Baía de Todos os Santos.

Tudo começou com o sofrimento dos pescadores em um momento de escassez de peixes. Foi quando um grupo decidiu oferecer um presente à Mãe das Águas e recebeu em troca a fartura. E, como canta também o mestre Gilberto Gil, “a Bahia que vive pra dizer como é que se faz pra viver onde a gente não tem pra comer, mas de fome não morre, porque na Bahia tem mãe Iemanjá”.

Oguntê, Inaiê, Janaína, Oloxum, Sobá, Dandalunda, Mucunã, Maria, Princesa de Aiocá, Iemanjá. Os nomes são muitos, mas a fé é uma só. Uma mãe que canta, alimenta, protege e cuida dos filhos. Deusa das Sereias ou das Ondinas, aquela a quem se chama na beira do mar, como canta Mateus Aleluia. E, neste domingo (2), Dois de Fevereiro, é o dia Dela, uma tradição que teve início em 1923, na Baía de Todos os Santos.

Tudo começou com o sofrimento dos pescadores em um momento de escassez de peixes. Foi quando um grupo decidiu oferecer um presente à Mãe das Águas e recebeu em troca a fartura. E, como canta também o mestre Gilberto Gil, “a Bahia que vive pra dizer como é que se faz pra viver onde a gente não tem pra comer, mas de fome não morre, porque na Bahia tem mãe Iemanjá”.

Assim como aconteceu com Oxalá e com os demais orixás, o culto a Iemanjá foi reprimido nos idos do século XVIII, quando a Igreja Católica entrou em conflito com os negros e impuseram a eles os próprios santos e santas. Assim, o Dois de Fevereiro é, ao mesmo tempo, dia de Iemanjá e de Nossa Senhora dos Navegantes, na Bahia e no Rio Grande do Sul; da Conceição, em São Paulo; e da Glória, no Rio de Janeiro.

Independente de crença, a Senhora das Águas é saudada em uma celebração que transcende fronteiras, sendo uma tradição secular. “Ela representa o feminino e a concepção de que toda mulher, no fundo, é mãe, independentemente de ter filho, pois traz na sua essência o olhar, o sentimento do cuidar”, explicou a antropóloga Maria das Graças de Santana Rodrigué, especialista em orixás.

Inicialmente, o culto ligava Iemanjá às águas doces, num rio que corre para o mar, por isso todas as saudações, oríkìs e cantigas remetem a essa origem. Odó Iyà, por exemplo, significa Mãe do Rio, enquanto a Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar.

Em iorubá, ieiê ama ejá significa mãe cujos filhos são peixes. “Há a analogia com a mulher, que tem “poderes” sobre a vida, que tem o dom de gerar a vida”, destacou Maria das Graças. Ela é a mãe de todos, chamada de Yiá Orí, que significa  “Mãe de todas as cabeças”, sendo o espelho para os filhos.

Lendas e origens
São muitas as lendas sobre Iemanjá. Onde apareceu pela primeira vez, qual a origem, com quem casou, quem são os filhos. A primeira, já consenso, aponta que Ela é filha da divindade soberana dos mares e oceanos Olokun, sendo esse vínculo celebrado na cidade de Ifé, considerado como berço da civilização iorubá. Outra alude sua origem também a partir de Olorum (Olodumaré), divindade do orun.

Oguntê, Inaiê, Janaína, Oloxum, Sobá, Dandalunda, Mucunã, Maria, Princesa de Aiocá, Iemanjá. Os nomes são muitos, mas a fé é uma só. Uma mãe que canta, alimenta, protege e cuida dos filhos. Deusa das Sereias ou das Ondinas, aquela a quem se chama na beira do mar, como canta Mateus Aleluia. E, neste domingo (2), Dois de Fevereiro, é o dia Dela, uma tradição que teve início em 1923, na Baía de Todos os Santos.

Tudo começou com o sofrimento dos pescadores em um momento de escassez de peixes. Foi quando um grupo decidiu oferecer um presente à Mãe das Águas e recebeu em troca a fartura. E, como canta também o mestre Gilberto Gil, “a Bahia que vive pra dizer como é que se faz pra viver onde a gente não tem pra comer, mas de fome não morre, porque na Bahia tem mãe Iemanjá”.

Assim como aconteceu com Oxalá e com os demais orixás, o culto a Iemanjá foi reprimido nos idos do século XVIII, quando a Igreja Católica entrou em conflito com os negros e impuseram a eles os próprios santos e santas. Assim, o Dois de Fevereiro é, ao mesmo tempo, dia de Iemanjá e de Nossa Senhora dos Navegantes, na Bahia e no Rio Grande do Sul; da Conceição, em São Paulo; e da Glória, no Rio de Janeiro.

Independente de crença, a Senhora das Águas é saudada em uma celebração que transcende fronteiras, sendo uma tradição secular. “Ela representa o feminino e a concepção de que toda mulher, no fundo, é mãe, independentemente de ter filho, pois traz na sua essência o olhar, o sentimento do cuidar”, explicou a antropóloga Maria das Graças de Santana Rodrigué, especialista em orixás.

Inicialmente, o culto ligava Iemanjá às águas doces, num rio que corre para o mar, por isso todas as saudações, oríkìs e cantigas remetem a essa origem. Odó Iyà, por exemplo, significa Mãe do Rio, enquanto a Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar.

Em iorubá, ieiê ama ejá significa mãe cujos filhos são peixes. “Há a analogia com a mulher, que tem “poderes” sobre a vida, que tem o dom de gerar a vida”, destacou Maria das Graças. Ela é a mãe de todos, chamada de Yiá Orí, que significa  “Mãe de todas as cabeças”, sendo o espelho para os filhos.

Lendas e origens
São muitas as lendas sobre Iemanjá. Onde apareceu pela primeira vez, qual a origem, com quem casou, quem são os filhos. A primeira, já consenso, aponta que Ela é filha da divindade soberana dos mares e oceanos Olokun, sendo esse vínculo celebrado na cidade de Ifé, considerado como berço da civilização iorubá. Outra alude sua origem também a partir de Olorum (Olodumaré), divindade do orun.

O fotógrafo e etnólogo Pierre Verger, que muito se dedicou à cultura dos orixás, contava que a primeira união de Iemanjá foi com Orunmilá, o orixá dos segredos, sendo essa união celebrada, principalmente,  no culto de ifá afro-cubano. Segundo ele, a relação pouco durou, uma vez que Orumilá a expulsa e acusa de quebrar o ewo que proíbe o acesso de mulheres aos Odus e o manuseio dos objetos sagrados de Ifá.

Depois, Iemanjá foi casada com Olofin Oduduwa, criador do mundo e rei de Ifé, com o qual teve dez filhos, que possuem nomes correspondentes aos orixás cultuados até hoje. Outra lenda aponta que Iemanjá casou-se com Okere, rei de Xaki, cidade localizada ao norte de Abeokuta, após fugir do casamento com Olofin Oduduwa.

Mas, muito do que se conta sobre Iemanjá remonta o mito da união Dela com Aganju, da qual teria surgido o orixá Orungã, que tentou possuir a própria mãe em um momento de ausência do pai. A consumação do incesto levou à fuga de Iemanjá, que caiu sobre a terra e dos seios rasgados surgem dois lagos, levando a um parto coletivo de diversos orixás.

Arte e fé
São muitas as lendas que permeiam a história da Rainha do Mar. Mas, o que se sabe – e se acredita – é que Iemanjá é mesmo a Mãe das Águas, protetora dos pescadores e navegantes. E Ela é fonte de inspiração para a arte, desde a literatura à música. Nas obras de Jorge Amado, Iemanjá é figura que não pode faltar.

Em Mar Morto, o escritor traz os personagens Manoel e Maria Clara, sendo ele um mestre de saveiros e ela uma filha de Iemanjá. Já Guma, um típico pescador, acredita que o destino dele é um dia morrer no mar, como canta Dorival Caymmi. Eu diria que, em todos os romances onde a pesca e o Recôncavo se destacam, Iemanjá é personagem de peso”, disse Paloma Amado, filha de Jorge e Zélia Gattai.

Nas letras de Caymmi, d’Os Tincoãs, Gilberto Gil, na voz de Maria Bethânia e Marisa Monte, nas pinturas de Carybé, nas imagens de Verger, na parceria de Baden Powell e Vinicius de Moraes, onde a arte está, Iemanjá é retratada das mais diversas formas, de acordo com cada terreiro, crença e lenda.

Já nas telonas, a Rainha do Mar pode ser vista no filme Barravento, dirigido por Glauber Rocha; em Noites de Iemanjá, dirigido por Milton Barragan; em Espaço Sagrado, documentário baiano do diretor Geraldo Sarno; entre tantas outras representações cinematográficas ou da televisão brasileira, como as novelas A Indomada e Porto dos Milagres.

Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona Iemanjá, Oguntê, Caiala, Sobá, Oloxum. Quanto nome tem a Rainha do Mar? No Candomblé, Iemanjá possui inúmeras características e personalidades que, às vezes, parece se tratar de orixás distintos.

  • Iemanjá Asdgba ou Sobá: É a mais velha das personalidades, representada por uma mulher que manca de uma perna, em razão de uma luta com Exu. É conhecida por ser rabugenta e feiticeira, fala de costas, gosta de fiar o cristal. Comanda as caçadas mais profundas do oceano e tem afinidade com Nanã. A cor das vestes é o branco.
  • Iemanjá Akurá: Vive nas espumas do mar e aparece vestida com lodo, coberta de algas marinhas. É muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro.
  • Iemanjá Ataramaba: Nessa forma, Ela está no colo do Olokun. É representada em uma forma infantil vestindo branco, gosta de cantar e é bem agitada, representa como a espuma das ondas suaves do mar.
  • Iemanjá Ataramogba ou Iyáku: Vive na espuma da ressaca da maré. É idosa e tem como fundamento principal a proteção dos caminhos tortuosos da vida.
  • Iemanjá Ayio: Figura muito velha, que veste sete anáguas para se proteger. Vive no mar e descansa nas lagoas. Come com Oxum e Nanã.
  • Iemanjá Iya Masemale ou Iamasse: É a mãe de Xangô e quem cuidou de Oxumarê. Esposa de Oranian e muito festejada durante as comemorações ao filho Xangô. Possui o dom da inteligência e justiça, nunca julga um fato se não tiver toda a certeza do universo, é bem séria e observadora. As contas são branco leitosas, rajadas de vermelho e azul.
  • Iemanjá Iyemoyo, Awoyó; Yemuo; Yá Ori ou Iemowo: É uma das mais velhas e possui ligação com Oxalá. Tem o fundamento no ori, representando a vida. Nesta personalidade, Ela pode curar doenças da cabeça. Veste branco e cristal.
  • Iemanjá Konla: O seu mito conta que ela afoga os pescadores. Ela é ora jovem ora adulta, e tem as forças do céu, dos ventos, das pedreiras e do mar. Com essa junção, é uma das mais fortes e poderosas que luta pelos trabalhos de caridades, sendo considerada a senhora do raciocínio e da inteligência, aquela que ensina a seguir os caminhos sem que pare.
  • Iemanjá Maleleo ou Mayelewo: Essa Yemanjá vive no meio do oceano, no lugar onde se encontram as sete correntes oceânicas.
  • Iemanjá Odo: Tem aproximação com Oxum e vive na água doce sendo. É uma figura muito feminina e vaidosa. É representada pela margens de todos os rios e a ligação dos rios com o mar. A saudação – Odó Iyà – que quer dizer “Mãe dos Rios”.
  • Iemanjá Ogunté: Considerada a nova guerreira, dona da espada, esposa de Ogum ferreiro (Alagbedé) e mãe de Ogum Akorô e Oxóssi. O nome significa aquela que contém Ogum. Vive perto das praias, no encontro das águas com as pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas de Ogum. Veste branco, azul marinho, cristal, ou verde e branco.
  • Iemanjá Olossá ou Bosá: Come com Oxum e Nanã. Veste verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de Egbado. É bem idosa, anda curvada e tem os passos lentos e curtos.
  • Iemanjá Oyo: Muito feminina, saudada na cerimónia do Padê, veste de branco, rosa e azul claro.
  • Iemanjá Sessu, Sesu, Yasessu ou Susure: É a mulher ligada à gestação. Aqui Iemanjá é considerada a mensageira de Olokun, o deus do mar. Vive nas águas sujas do mar e é muito esquecida e lenta. Come com Obaluaiyê e Ogum. Além do próprio assentamento, tem que se assentar Oxum e Obaluaiyê. Possui um temperamento instável, ora esta calma, ora está agitada. Veste branco, verde água e as contas são da cor branco cristal.
  • Iemanjá Yinaé ou Malelé: Aquela que os filhos sempre serão peixes. Também conhecida como Marabô, mora nas águas mais profundas. É a sereia, ligada à reprodução dos peixes. Vem sempre na beira do mar apanhar as oferendas; está ligada a Oxalá e Exú. É tímida e reservada, não gosta que toquem em seu rosto.
  • Iemanjá Tuman: É a senhora do tempo. Ensina sobre o tempo, para que a ansiedade não tome conta das almas, não deixando errar por não refletir sobre qualquer assunto ou fato. É descrita sendo andrógina, ora representada como mulher ora como homem. A roupa é azul celeste, amarelo e branco perolado e em na mão carrega o abebé.

Nações e nomes
Desde que o Candomblé chegou ao Brasil, com as diversas manifestações de culto e fé, três grupos ou nações permaneceram até os dias atuais: Grupos Fons ou Nação Jeje; Grupos Iorubás ou Nação Ketu; Grupos Bantos ou Nação Angola. As nações são representações singulares do culto aos Deuses, com tradições, nomes e formas diferentes de manifestação.

Quando nos referimos a Iemanjá, muita gente não sabe, mas essa é apenas uma das formas do orixá dentro do Candomblé. O nome Iemanjá é uma herança da nação Ketu, a mais comum no país, explicou o Pai de Santo Babá Pecê, do Terreiro Oxumaré, que é de nação Ketu. O grupo foi fundado na Bahia por princesas de Ketu e Oyó, que chegaram ao estado como escravas nos navios negreiros.

Já na nação Jeje o culto é a Aziri-Tobossi, que teve o culto difundido no  Brasil muito em razão à assimilação da cultura com Iemanjá, de origem iorubá. Aziri-Tobossi seria filha de Naete, a senhora suprema dos oceanos.

“A nação Jeje não cultua orixás, mas, sim, os Voduns, que recebem outras denominações, como é o caso de Aziri-Tobossi”, destacou Mãe Índia, do Terreiro do Bogum, que fica no Engenho Velho da Federação, em Salvador.

Por fim, na nação Angola, a devoção acontece à figura de Samba Kalunga/Kukuetu, divindade das grandes águas, dos mares e oceanos, conhecida como o útero do planeta, gerador de todas as espécies, inclusive a raça humana.

A responsável pelo Terreiro São Jorge Filho da Goméia ou Terreiro do Portão, que fica em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, esclareceu que, para a nação Congo-Angola, “a divindade exerce forte influência sobre a fauna e a flora marinha”.

Desta forma, apesar de falarmos que 2 de Fevereiro é o dia de Iemanjá, é necessário que saibamos da diversidade de nomes que a divindade recebe a depende da nação do Candomblé  na qual é cultuada.

Veja abaixo os deuses e as variações de nomes em cada nação de Candomblé

Dois de Fevereiro
No Candomblé ou na Umbanda, o dia da Rainha do Mar é Dois de Fevereiro e, em Salvador, acontece a maior festa nacional em homenagem à divindade. Na data, o bairro do Rio Vermelho fica lotado de adoradores da Mãe das Águas, independente do nome que receba.

A festa no Rio Vermelho surgiu quando a celebração do presente de Iemanjá no Candomblé migrou do Dique do Tororó para o mar em 1924, vindo a substituir a tradicional festa de Sant’Ana. As homenagens a esta última santa ainda acontecem, quando os pescadores celebram, no dia 29 de junho, uma missa na Igreja Católica de Sant’ Ana, vizinha à colônia.

Atualmente, as homenagens a Iemanjá começam de madrugada do dia Dois de Fevereiro, com devotos do Candomblé, da Umbanda e do Catolicismo colocam as ofertas e bilhetes com pedidos em balaios que são levados ao mar por cerca de 300 embarcações.

Apesar de a principal festa ser em Salvador, no dia Dois de Fevereiro, outras celebrações em homenagem à divindade também acontecem em 15 de agosto, 8 de dezembro e 31 de dezembro, em outros estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraíba.

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