A campanha eleitoral foi expulsa do Facebook

 A campanha eleitoral foi expulsa do Facebook

O Facebook voltou a restringir o alcance de conteúdos de páginas corporativas, como a dos partidos políticos. A medida terá forte impacto na campanha eleitoral, diz Marcelo Vitorino, professor de Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

As mudanças promovidas pelo Facebook impactarão as redes sociais?

O Facebook vinha reduzindo, continuamente, o alcance orgânico (originário do Facebook) das publicações feitas nas páginas corporativas, e agora praticamente zerou esse alcance. Há alguns anos, uma página que tivesse cerca de 100 mil fãs chegava a ter suas publicações exibidas, gratuitamente, para algo entre 30 mil e 50 mil fãs. Hoje, com muita sorte, esse tipo de publicação pode chegar a ser visto por algo entre 5 mil e 10 mil fãs.

Por que o Facebook fez essas mudanças?

A empresa diz que seus usuários querem ver mais conteúdos gerados a partir de sua rede de amigos do que provenientes de páginas corporativas, daí a necessidade da mudança no seu algoritmo de exibição. Na verdade, trata-se de uma estratégia destinada a forçar as empresas a investir na exibição patrocinada de seus conteúdos. Primeiro, o Facebook deu exposição sem cobrar nada dos produtores e agora quer o retorno financeiro, pois se tornou um grande canal de comunicação.

A mudança terá impacto no uso de redes sociais para partidos políticos e políticos?

Partidos e políticos agora terão que fazer investimentos financeiros para obter exposição de seus conteúdos, prática que não vinha sendo adotada pela maioria. Cultivava-se o sonho da exposição gratuita, do engajamento fácil. O maior problema acontecerá com os candidatos, pois, para eles, a mudança implicará desdobramentos catastróficos. A legislação eleitoral brasileira impede qualquer tipo de financiamento publicitário durante o período eleitoral, ao mesmo tempo que o Facebook diz que só exibirá conteúdo de quem pagar. Sendo assim, candidatos terão exposição muito reduzida no momento em que mais precisam de exposição.

Na prática, o que o Facebook fez afeta quem usa as redes sociais para divulgar notícias?

Grandes veículos já estão sofrendo queda de audiência devido à mudança. A imprensa se acostumou a usar a rede social como fonte de audiência barata. Com isso, deixou de investir no que deveria: melhores práticas de indexação nos mecanismos de busca e melhoria da tecnologia adotada para os sites. Será necessária uma grande mudança de entendimento do que é a internet.

O que vai acontecer de agora em diante?

Empresas, canais de comunicação, partidos, políticos e qualquer interessado em audiência precisarão, em um primeiro momento, assimilar que esse caminho não tem volta. O Facebook não voltará atrás. Podemos afirmar isso porque há uma sequência de redução da exposição orgânica ao longo dos anos. Não se trata, portanto, de um fato isolado. Todos os interessados terão que voltar a dar importância à construção de sites com qualidade tecnológica, com adaptação para dispositivos móveis, produção regular de conteúdo, uso de técnicas para melhorar o posicionamento no Google e outros mecanismos de busca, bem como coleta de e-mails e outros dados de usuários. Em resumo, será preciso reestruturar o conceito de uso de internet.

Como partidos e políticos podem agir para compensar a queda na audiência?

No momento eleitoral, partidos e políticos devem usar a internet para cadastrar simpatizantes e militantes. E, diante do cadastro, passar a mobilizá-los continuamente por meio de conteúdos dirigidos. O Democratas norte-americano adotou essa receita com Obama, primeiro cadastrando mais de 10 milhões de eleitores, depois produzindo conteúdo segmentado e disseminando-o com a finalidade de arrecadação. No Brasil vivemos um buraco negro de informações partidárias. Raros são os partidos que consolidam suas bases de filiados, muito menos de simpatizantes. Essa cultura terá que mudar. Partidos precisarão trabalhar melhor a questão do mailing. Com informações Política Brasileira.

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