Alexandre de Moraes decide nos próximos dias se aceita delação premiada de Mauro Cid

 Alexandre de Moraes decide nos próximos dias se aceita delação premiada de Mauro Cid

Figura central em uma série de investigações que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid compareceu nesta quarta-feira, 6, ao Supremo Tribunal Federal para confirmar que pretende fechar um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. A audiência pela qual o ex-ajudante de ordens da Presidência passou é de praxe. A lei que trata do instituto estabelece a necessidade de a Justiça ouvir o ‘interessado’ na delação, acompanhado de seu advogado.

Apesar das tratativas da delação avançarem, o teor das declarações prestadas pelo militar só poderá ser usado nos inquéritos em trâmite no STF após o pacto ser homologado pela Corte máxima. As apurações das quais o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo são conduzidas pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes. A informação sobre o aceite, pela PF, da delação de Cid foi divulgada pela jornalista Andreia Sadi, da Globonews e confirmada pelo jornal O Estado de São Paulo.

Caberá ao ministro, alvo de hostilidades do ex-presidente e de sua base aliada, decidir se dá andamento no procedimento da Polícia Federal e a proposta de delação. Cid foi até o Supremo informar que quer colaborar com as investigações e que a Polícia Federal aceitou sua proposta de colaboração, mas o avanço das negociações depende de Moraes.

O instituto da colaboração premiada está previsto na lei das organizações criminosas e estabelece que um colaborador – o que Cid almeja ser – ‘deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados’. O tenente-coronel é citado no inquérito das milícias digitais, na investigação sobre fraudes na carteira de vacinação do ex-presidente e na apuração sobre o suposto esquema de venda de presentes recebidos por Bolsonaro enquanto chefe de Estado.

A lei também estabelece hipóteses em que o juiz pode reduzir ou até perdoar a pena do colaborador. As medidas podem ser aplicadas se ele identificar outros participantes da suposta empreitada criminosa ou descrever a ‘estrutura hierárquica’ do grupo. De outro lado, a análise da concessão de qualquer benefício leva em consideração a ‘personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração’.

Ao decidir sobre a homologação ou não da delação de Cid, Alexandre de Moraes deverá seguir uma série de aspectos, também definidos em lei, como a adequação dos benefícios propostos a Cid e os resultados da colaboração. Também terá de ponderar sobre a ‘voluntariedade da manifestação de vontade’ do militar, em especial considerando que o tenente-coronel está preso desde maio.

Desde a entrega da proposta de delação, as partes devem estabelecer um pacto de confidencialidade, por isso não se sabe o teor das confissões feitas por Cid. O militar é peça chave em todas as investigações que respingam no ex-presidente Jair Bolsonaro.

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