Aliado de Trump sugere que Lula negocie diretamente para evitar tarifaço dos EUA

Em meio à escalada de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o advogado e lobista norte-americano Brian Ballard, conhecido por sua proximidade com o ex-presidente Donald Trump, sugeriu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre em contato diretamente com Trump e sua equipe para tentar reverter a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — o chamado tarifaço, que está previsto para entrar em vigor no próximo 1º de agosto.
A declaração foi feita durante entrevista à CNN Brasil, na qual Ballard afirmou que, se estivesse aconselhando o governo brasileiro, recomendaria uma abordagem direta com o ex-presidente dos EUA. “Se eu fosse Lula, ligaria diretamente. Eu faria de tudo para conversar com Trump ou com sua equipe sênior”, disse. Para ele, Trump pode ser um negociador duro, mas “justo e direto”.
Segundo Ballard, a imposição das tarifas não tem origem apenas em questões comerciais, mas resulta de um conjunto de fatores — incluindo a aproximação do Brasil com países do Brics, como China e Rússia, e a defesa do fim da hegemonia do dólar nas transações internacionais. “É uma combinação de tudo: política externa, sinais econômicos e postura ideológica”, avaliou.
O advogado também comentou sobre o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que Trump acompanha o cenário político brasileiro e estaria sensível à ideia de que o aliado estaria sendo alvo de perseguição judicial. Para analistas, essa leitura pode ter influência no endurecimento da política comercial americana em relação ao Brasil.
Enquanto isso, o governo Lula segue tentando dialogar com autoridades norte-americanas para evitar o início da vigência da tarifa, mas até o momento não houve resposta oficial por parte dos EUA. As tentativas lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin esbarraram na falta de abertura do alto escalão do governo Trump. Fontes diplomáticas afirmam que o Planalto estuda medidas de retaliação e apoio emergencial aos setores econômicos mais afetados — especialmente o agronegócio, a indústria de pescados e o polo industrial da Bahia.
O tarifaço pode trazer prejuízos bilionários ao Brasil, atingindo diretamente exportações de frutas, pescados, calçados, celulose, aço e peças industriais, afetando empregos e a competitividade internacional de diversos setores. O clima de incerteza se intensifica a poucos dias da entrada em vigor das tarifas, enquanto cresce a pressão por uma resposta mais incisiva por parte do governo brasileiro.
A recomendação de Ballard, embora informal, reflete o entendimento de que decisões cruciais durante o governo Trump são fortemente centralizadas e, muitas vezes, dependem de uma abordagem pessoal para avançarem. Resta saber se o presidente Lula estará disposto a seguir esse caminho e dialogar diretamente com um dos maiores críticos da política externa brasileira nos últimos anos.