Aliados temem prisão e veem ida de Bolsonaro ao Congresso como último ato público

A ida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso Nacional, nesta segunda-feira (21), acentuou nos bastidores políticos de Brasília a percepção de que uma prisão é iminente. A presença simbólica foi vista por parlamentares como um gesto de resistência diante do cerco judicial que se estreita, mas também como uma tentativa de mobilização política em meio ao avanço das investigações.
Bolsonaro participou de uma solenidade organizada por deputados da base conservadora na Câmara e foi calorosamente recebido por apoiadores. No entanto, enquanto aliados próximos interpretaram a movimentação como uma demonstração de força e tentativa de blindagem política, integrantes da base governista classificaram o ato como um “último movimento público” antes de uma eventual ordem de prisão.
O ex-presidente é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, fraude nos cartões de vacinação e pela chamada “minuta golpista” apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres. A Polícia Federal já concluiu que houve uma articulação para subverter a ordem democrática após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Nos bastidores do PL, cresce a preocupação com os desdobramentos jurídicos e os impactos eleitorais que uma possível prisão poderia causar. A legenda ainda aposta na força de Bolsonaro como principal cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024, mas já discute alternativas para evitar prejuízos em alianças regionais.
Setores da oposição avaliam que a visita ao Congresso foi uma tentativa de pressionar o Judiciário e reafirmar sua base política, enquanto aliados do governo interpretam a movimentação como sinal de desespero diante da possibilidade real de detenção.
Embora ainda não exista mandado de prisão oficial, o clima em Brasília é de alerta, com lideranças políticas monitorando de perto os passos do ex-presidente e os desdobramentos dos inquéritos que o colocam no centro de uma das maiores crises institucionais do país.