Apesar de integração plena, alterações em linhas de ônibus não convencem população
A integração entre os sistemas rodoviário e metroviários de Salvador tem dado dor de cabeça ao gestor comercial Paulo Júnior, morador do Engelho Velho de Brotas. Para ele, a extinção de algumas linhas de ônibus aumentou a quantidade de assaltos em seu bairro. “Moro num conjunto habitacional distante de pontos comerciais. Para chegar nos lugares, dependíamos dos ônibus, agora eles acabaram. Antes tínhamos seis ou sete linhas, hoje não temos nenhuma. Depois disso, coincidentemente, os assaltos aumentaram. Ninguém fica mais nos pontos de ônibus”, relatou.
Assim como Paulo, vários outros passageiros entraram em contato com a Metrópole se queixando do redesenho das linhas. “O metrô fica distante três quilômetros, não tem como ir andando. A integração só fez piorar o que já era ruim”, disse o gestor comercial.
Cultura do “Meu ônibus”
O secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, tenta justificar dizendo que problema é cultural. “Temos na cidade aquela cultura da minha linha, do meu ônibus. O cidadão prefere ficar dentro do ônibus rodando a cidade toda do que melhorar sua qualidade de vida”. Contudo, além dos passageiros, os próprios rodoviários também andam se queixando da integração, engrossando o coro de um problema que parece estar longe de ser resolvido.
Objetivo é compensar mudanças de linhas com maior número de viagens
À rádio Metrópole, o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, afirmou que a premissa da Prefeitura é aumentar a quantidade de viagens nos bairros. Para ele, se essa meta for alcançada, o tempo de espera, a lotação e o tamanho das viagens diminuirão. “Temos que levar em consideração a chegada do metrô. Existia uma linha Sussuarana/São Joaquim, o tempo de espera no ponto era de 50 minutos, 1 hora. Criamos a linha Sussuarana/Acesso Norte. A espera caiu para 30 minutos e no Acesso Norte criamos uma linha para São Joaquim com 15 carros, saindo a cada cinco minutos”, exemplificou.
Rodoviários também protestam
A integração também não tem agradado os rodoviários. A categoria reivindica a integração do vale transporte dos rodoviários com o metrô de Salvador. “Todos os trabalhadores têm o vale transporte que dá direito a pegar os modais. Pegar ônibus e metrô com uma passagem. O rodoviário não, o vale transporte só é aceito nos ônibus. E está se fazendo essa rearrumação das linhas e passa a não ter ônibus em todos os locais para que o rodoviário se desloque. Uma grande parte está pagando passagem, mesmo tendo direito”, criticou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira.
Cittamobi recebe queixas; Mota rebate
Lançado em 2015, o aplicativo CittaMobi, que permite aos passageiros visualizar os horários, em tempo real, dos pontos de parada, além das linhas disponíveis, tem sido alvo de críticas de diversos ouvintes da Metrópole nesta semana. O secretário Fábio Mota disse que, para ele, a reclamação era surpresa. “Não temos nenhum problema. Houve uma atualização e os usuários que têm a versão antiga precisam atualizar. Pode ser também a questão da internet, o pacote de dados do usuário”, rebateu.
“Comunidade tem muitas reclamações”
Morador de Sussuarana, o auxiliar administrativo Gilson Santos disse à Metrópole que retirada da linha São Joaquim/Sussuarana, que levava até a Feira de São Joaquim, vem causando transtornos. “Ouço a comunidade, tem muitas reclamações. Eles não deveriam mexer nas linhas de feira. A retirada das linhas Sussuarana via Dique, Sussuarana/Barroquinha e São Joaquim/Sussusrana prejudicou os pequenos comerciantes, por exemplo”, ressaltou.