Av. Paralela volta a ser palco de pegas durante madrugada; Polícia desconhece

Tudo acontece na Avenida Luís Viana Filho (Paralela) entre às 23h30 e 0h. São motoristas de carros e pilotos de motos que se arriscam transformando uma das ligações viárias mais importantes de Salvador em um autódromo ilegal de corridas.

A prática, chamadas de “pegas” ou “rachas”, voltaram a acontecer às quintas-feiras. Moradores dizem que a modalidade foi registrada nas duas últimas semanas, entre 27 de outubro e 3 de novembro.

Em contato com o Aratu Online, um deles, que prefere não ser identificado por medo, é contundente ao dizer que presenciou as cenas da janela de seu condomínio, nas proximidades do Salvador Shopping, início da Paralela. O homem gravou o ronco potente dos motores por áudio, conforme pode ser ouvir abaixo.

Por meio de nota, o comando da 82ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Paralela) informou que desconhece a prática de “racha” na região. Segundo a unidade, alguns casos pontuais de motoristas que desafiam os limites de velocidade estabelecidos para a via são registrados, assim como graves acidentes. A PM revela que isso não pode ser classificado como corrida de rua.

A assessoria de imprensa da Superintendência de Trânsito e Transportes (Transalvador) pontuou que também desconhece a corrida na Avenida Paralela e disse que vai intensificar a fiscalização no local para tentar surpreender os motoristas e pilotos infratores.

A pessoa que for pega praticando corrida nas ruas é enquadrada na Lei 12.971/2014. Caso condenada, pode pegar de três a seis anos de reclusão. Se o crime resultar em morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena aumenta de cinco a dez anos.

EXCITAÇÃO DO MEDO

A realização dos “pegas” na capital baiana foi bastante discutida em 2012 quando uma pessoa que não teve o nome revelado morreu. Ele estava na carona de um veículo, modelo Corolla, que foi atingido por outro carro, modelo Eco Sport. O motorista causador da batida se apresentou, pagou fiança e foi liberado.

A realização desta prática perigosa pode ser explicada à luz da ciência. Mestre em psicologia, Claudio Seal, relata que o “viver perigosamente” acontece desde os primórdios. “O cérebro é feito de estímulos. Isso vem desde o passado, com a realização de conflitos e ameaças, a exemplo das grandes guerras. Essas situações são prazerosas”, conta.

No caso das corridas que estão acontecendo em Salvador e são comuns em capitais de todo o Brasil, o psicólogo explica que é geralmente praticada por jovens.

“Claro que existem as exceções, mas eles precisam desta excitação”. Para ele, as pessoas mais novas tendem a se arriscar mais. “A consciência da morte é menor em relação aos mais velhos. Isso se explica pela dificuldade de avaliar e a falta de consciência do perigo”, enfatiza Seal.

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