Biólogo do sertão baiano lidera pesquisa de vacina contra Covid-19; conheça
Pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) estão desenvolvendo uma vacina contra o coronavírus. Responsável pelo projeto, o biólogo Gustavo Cabral de Miranda, que cresceu no sertão baiano, chefia a pesquisa.
Hoje com 38 anos, o imunologista só concluiu o ensino médio aos 21. No entanto, em sua trajetória ele passou por instituições reconhecidas mundialmente, como a universidade de Oxford.
Conheça Gustavo Cabral: trajetória e estudos
Natural de Creguenhem, povoado da zona rural da cidade de Tucano, no interior da Bahia, Cabral cresceu vendendo frutas na feira. Depois de juntar dinheiro por três anos, ele conseguiu, em 2004, se mudar para a cidade de Senhor do Bonfim para graduar-se em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que abriu as portas para um mestrado em imunologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.
Ainda durante a graduação, o imunologista montou um projeto de pesquisa para trabalhar com comunidades quilombolas e doenças parasitárias, investigando como os fatores socioambientais impactavam a evolução desses problemas.
O baiano passou também pela USP, onde fez um doutorado. Além disso, Cabral passou três anos na Europa investindo ainda mais em seus estudos. Ele tem em seu currículo um pós-doutorado em Oxford, na Inglaterra, e em Berna, na Suíça, onde estudou imunologia aplicada à vacina.
Retorno para o Brasil
Cabral retornou para o Brasil há quatro meses, a convite de Jorge Kalil, referência em pesquisas de vacinas, para desenvolver sua pesquisa na Incor. O biólogo precisou adaptar a sua metodologia de trabalho – focada em chikungunya e estreptococos – para desenvolver uma vacina para a Covid-19.
Em entrevista para o EL PAÍS, o pesquisador falou sobre a fase de desenvolvimento da pesquisa.
“Podemos considerar que estamos começando, por causa da urgência da pandemia. Mas estamos muito adiantados no quesito da produção intelectual, com a produção dos VLTs e das proteínas, a formulação da vacina já está bem adiantada. Os trabalhos in vitro também estão adiantados e já estamos partindo para os testes pré-clínicos em modelos animais nas próximas semanas”, afirmou.