Camaçari: Rede de atendimento a mulheres vítimas de violência está em pleno funcionamento no município

Um espaço de proteção com sigilo, acolhimento e resguardo para mulheres em situação de violência doméstica, assim é o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram) Yolanda Pires. A unidade oferece atendimento multidisciplinar, com equipe formada por assistente social, psicólogo e técnico jurídico. A novidade deste ano, é que a assistência foi ampliada, com a inclusão de um psicopedagogo, responsável por acompanhar os filhos das mulheres atendidas, que frequentemente estão junto às mães durante o processo de acolhimento.
Gerido pela Prefeitura de Camaçari, através da Secretaria da Mulher (Semu) – pasta que tem potencializado as ações direcionadas ao enfrentamento à violência contra a mulher no município –, para receber atendimento na unidade é bem simples, basta se dirigir à Rua Ambrósia, no bairro Bela Vista (Inocoop). O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, de forma ininterrupta, sem intervalo para almoço. Para buscar informações e/ou esclarecer dúvidas, são disponibilizados os números (71) 3627-2481 ou 99979-6113, que também é WhatsApp.
Operando com equipe completa desde janeiro deste ano, o Cram é um dos principais órgãos de políticas públicas voltadas para as mulheres em funcionamento no município. Somente nos três primeiros meses do ano, a unidade já prestou atendimento a mais de 200 mulheres.
A equipe do Cram realiza acolhimento e atendimento multidisciplinar, de forma individualizada, considerando que cada caso de violência é específico e possui particularidades. O objetivo é orientar as mulheres na criação de estratégias de proteção, ajudá-las a identificar-se dentro do ciclo da violência e promover o fortalecimento do seu empoderamento. Conforme a necessidade de cada situação, são realizados os devidos encaminhamentos para a rede de apoio.
O Cram tem como foco principal o atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica, caracterizada por ocorrer dentro do ambiente familiar ou em relações marcadas por laços afetivos, sejam eles consanguíneos ou não. Entre os tipos de violência doméstica e familiar, que atingem as mulheres, estão a violência física, bem como as formas mais silenciosas, como a psicológica, moral e patrimonial. Apesar desse recorte específico, o centro acolhe mulheres em todas as situações de violência, oferecendo suporte e realizando os encaminhamentos necessários conforme cada caso.
Sobre a inclusão do profissional de psicopedagogia, a coordenadora do Cram, Jaciane Pereira da Silva, explicou sobre a necessidade. “Para que essa mulher tenha um melhor acolhimento e mais tranquilidade na hora de passar as informações para a equipe multidisciplinar, a gente tem o aporte dessa profissional, que fica com as crianças no espaço direcionado para fazer esse acompanhamento”, afirmou.
A gestora também destacou as medidas adotadas em casos de risco iminente de morte: “Quando identificamos situações de violência, que já estão em um patamar mais agressivo, que pode culminar em um feminicídio, acionamos a parceria que temos com o Estado, que disponibiliza abrigo para institucionalizar essa mulher”, pontuou a coordenadora, ao informar, ainda, que a casa abrigo é sigilosa e acolhe a mulher que é retirada do convívio social para garantir sua segurança, por um período, até que o agressor seja notificado ou preso e, após criar uma estratégia de segurança, ela é reintegrada ao convívio social de forma segura.
No Cram, também são atendidas mulheres encaminhadas por meio da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, que inclui instituições como a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), os centros de Referência de Assistência Social (Cras) e de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), bem como unidades hospitalares. Além do acolhimento, o centro também promove o fortalecimento da autonomia das atendidas, direcionando-as para cursos de capacitação e reinserção no mercado de trabalho, oferecidos por meio da Semu.
De acordo com dados encontrados pela atual gestão, os atendimentos estavam acontecendo de forma restrita desde outubro de 2024, além disso, o espaço físico estava desestruturado, como explicou a titular da Semu, Branca Patrícia. “Encontramos um cenário extremamente ruim e fragilizado. A sede da secretaria estava fechada desde outubro e a rede de atenção à mulher vítima de violência, leia-se o Cram e o Nam [Núcleo de Atendimento à Mulher], estavam funcionando de forma precária, sem a totalidade dos profissionais que trabalham nesse acolhimento e encaminhamento dessas mulheres. Rapidamente, em janeiro, nós reestruturamos a rede de atenção. O Nam e o Cram passaram a funcionar com a equipe completa e tendo esse diferencial de mais um profissional, que é a psicopedagoga, que faz o acolhimento dos filhos das vítimas e encaminha depois para a rede da criança e do adolescente”, reforçou.
Núcleo de Atendimento à Mulher: para promover o mesmo atendimento sigiloso e especializado às mulheres vítimas de violência doméstica, que, no caso, residem na orla e na zona rural do município, existe o Nam. Na unidade, até o momento, já foram atendidas cerca de 150 mulheres.
Vanessa Freitas, coordenadora do Nam, explicou sobre o funcionamento do equipamento. “Trabalhamos em conjunto com o Cram, de forma padronizada, com a mesma visão, o mesmo objetivo, a mesma condição de trabalho e o mesmo corpo técnico. O que difere um do outro é a questão da localização, porque o Nam está aqui para atender as mulheres da orla e da zona rural de Camaçari”, ressaltou.
O Nam fica localizado na Estrada do Coco (BA-099), Km 13, na Prefeitura Avançada da Orla, em Vila de Abrantes. O horário de atendimento segue o mesmo do Cram, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O telefone para contato é (71) 99979-5789.
Fotos: Rhaiany Sena