Candidatos usam nomes exóticos para conquistar eleitores
Paçoquita, Bombinha, Uga e Uga e Shrek. Estes são apenas alguns nomes exóticos utilizados por candidatos a vereador de Salvador nas eleições deste ano, que apostam nas alcunhas pelas quais são reconhecidos em suas comunidades e redes de relacionamentos para conquistar votos, ajudar os partidos a atingir o coeficiente para eleger mais representantes e, quem sabe, conquistar uma das 43 vagas na Câmara Municipal.
Em levantamento das candidaturas deste ano, disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o portal identificou na capital baiana pelo menos 60 nomes de candidatos à vereança de Salvador com este perfil. Na avaliação do cientista política Joviniano Neto, estes apelidos podem parecer estranhos para o eleitorado em geral, mas normalmente são a referência dos candidatos em suas comunidades. “Se não usar, não é reconhecido”, diz.
“Os partidos ou coligações precisam ter o máximo de candidatos. Quanto maior o número de candidatos, mais chance o partido ou coligação tem para eleger vereadores. Como referências em suas comunidades, esses candidatos (com nomes exóticos) podem ajudar nesta estratégia”, pondera.
Concorrentes
Quatro desses candidatos reconhecem que o nome exótico pode ser um atrativo, mas dizem que seu principal trunfo são suas propostas e ações nas comunidades. No bairro de Nova Brasília, se alguém perguntar pelo rodoviário Josivando de Jesus Pires (SD) provavelmente ninguém saberá dizer quem é. No entanto, se procurar Pantan Paçoquita, apelido dele, a identificação será fácil.
“Isso começou há 20 anos, quando um cobrador que trabalhava comigo disse que eu só comia paçoquita. O pior é que eu nem gosto de paçoquita, mas o apelido pegou”, conta ele, afirmando que a alcunha “Pantan” existe desde que se “entende por gente”. Ele carrega a bandeira da busca de ações para comunidades carentes, além de atingir o segmento dos rodoviários.
Outro candidato que aposta em um nome exótico é Uga Uga (PTN) – Carlos Eduardo Silva de Jesus -, que tem como base a região do Subúrbio. Ele conta que tudo começou no início dos anos 2000, quando foi exibida a novela “Uga Uga”. “Na época, eu estava montando um bar e, como eu tenho um perfil parecido com o ator (Cláudio Heinrich ), pardo e cabeludo começaram a me chamar de Uga Uga”, conta. Ele diz que busca melhorias para o Subúrbio. “A periferia é esquecida pelo poder público”.
Já Washington Luiz da Silva Lima carrega a alcunha de Bombinha (PHS) e terá como trunfo o fato de ser filho do ex-vereador Bomba, que ocupou uma cadeira na Câmara entre 2001 e 2008. A região do Cabula é onde ele tem sua atuação política. “Represento a renovação”, diz.
O policial militar Vagner Silva dos Santos (PHS) tem como trunfo o apelido de Shrek, personagem de uma série de filmes de animação, que ganhou quando ingressou na PM. Além do segmento policial, ele espera conquistar votos por suas propostas para a educação, segurança pública e mobilidade. “Não acredito que o eleitor vote em um nome curioso como protesto”.
Por Luan Santos