Cantora é excluída de trio feminista após defesa a suspeito de estupro

Márcia Castro foi substituída pela paulista Tássia Reis no trio “Respeita as Mina”, no qual dividiria o palco com MC Carol e Larissa Luz, na segunda-feira (27) de carnaval, no circuito do Campo Grande, às 17h. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (20) pela Maré Produções, responsável pela produção do bloco.

O trio sem cordas e de estilo “pranchão” é uma inciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e tem como objetivo divulgar a campanha “Respeita as Mina”, que busca promover a conscientização da população sobre a violência de gênero registrada durante a festa.

A saída de Márcia do projeto, segundo informações de bastidores, se deu após o questionamento de alguns grupos feministas da capital baiana sobre a legitimidade da participação da cantora – que será a rainha do Bloco Mascarados neste ano – no “trio empoderado”.

Em 17 de fevereiro de 2016, a cantora posou ao lado de Fael Primeiro, músico baiano que, na época, era acusado de ter abusado sexualmente uma jovem em Salvador. Na imagem, a legenda “um gigante na música, na arte e na alma. A publicação gerou uma série de comentários, que incluíam a hashtag #meuamigosecreto e pedidos de sororidade da parte de Márcia. O caso foi encerrado depois de o suspeito ser inocentado e a autora da denúncia sentenciada.

A titular da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Julieta Palmeira, afirmou à reportagem que a pasta é responsável apenas pelo patrocínio do evento e que “cabe à Mare Produções questões do gênero”.

Márcia Castro foi procurada, mas não retornou aos contatos até o fechamento da matéria.

Foto: Reprodução/ Instagram
Foto: Reprodução/ Instagram

 

O caso  O grafiteiro e músico Rafael Vinicius Santana de Jesus, o “Fael Primeiro”, foi acusado, em novembro de 2015, de ter abusado sexualmente de uma jovem, em Salvador. A moça relatou o episódio em um post no Facebook, motivada pela campanha #meuamigosecreto, em que mulheres descreviam abusos que sofreram de pessoas próximas a elas – a denúncia, inclusive, coincidiu com o fim do Bemba Trio, grupo que Fael mantinha com Russo Passapusso e o DJ Raiz.

A moça foi condenada a cumprir pena alternativa por calúnia e teve que prestar serviços à comunidade por três meses, sete horas por semana. Em audiência preliminar da 2ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais Criminais, no dia 30 de março de 2016, a defesa do artista argumentou que “Fael nunca foi acusado formalmente de estupro. Ele nunca foi acusado, condenado, julgado, e não tem passagem na polícia sobre nenhuma ação de agressão contra a mulher ou qualquer outro tipo de violência”.

Na ocasião, a suposta vítima ressaltou que a aceitação da transição penal não significava o reconhecimento da culpa, mas se tratava de uma forma de optar por não enfrentar um processo criminal, para não correr o risco de sair condenada e ter de reconhecer o dolo – “mesmo que em seu íntimo saiba que não é culpada”, em suas palavras.

*Fonte: Bahia.ba

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