Cientista político comenta o momento da política atual
Para o cientista político americano Francis Fukuyama, as revoluções, no geral, nunca são provocadas pela parcela mais pobre da população. “Quem faz isso é a classe média, com medo de perder status”, afirmou ele, na conferência A Construção do Estado e a Próxima Agenda para a América Latina, do Fronteiras do Pensamento.
O professor da Universidade Stanford, que é um dos principais expoentes do pensamento conservador mundial, comentou os maiores temas políticos da atualidade, como a crise na Ucrânia e o Brexit. “Os britânicos mais educados votaram pela permanência da Inglaterra no bloco. Já os mais pobres, aqueles afetados pela industrialização, foram a favor de deixar a União Europeia”, disse. “E quem votou pelo Brexit parece não ter acreditado que ia ganhar, agora eles não sabem o que fazer.”
Ele também comparou o Brasil aos Estados Unidos do final do século 18. Para Fukuyama, o crescimento econômico, o surgimento de uma nova classe média e a revolta contra a corrupção são os responsáveis pela derrocada do clientelismo. “As pessoas precisam estar bravas para mudar a situação política de um país”, disse.
Mas nem tudo é igual. “Os elementos da história americana que ainda não aparecem aqui são a falta de uma pauta, uma ideia clara de para onde a sociedade quer ir, algo que vá além da oposição à corrupção e ao antigo sistema. Isso precisa ser especificado”, explicou, criticando ainda a falta de líderes capazes de gerar poder político necessário para promover reformas.
O autor de As Origens da Ordem Política ainda elogiou o Poder Juduciário brasileiro, um dos únicos da América Latina a trabalhar de forma independente, segundo ele. Para Fukuyama, a condenação de políticos que cometem atos ilícitos é um fator “muito positivo” para a modernização do país. “Se a política defender apenas a elite, o povo não vai comprar esse regime.” Com informações Galileu.