Como será nosso futuro próximo?

 Como será nosso futuro próximo?

Em 1962, os cartunistas americanos William Hanna e Joseph Barbera apresentaram ao mundo “Os Jetsons” e povoaram o imaginário de muitas pessoas com o que seria o futuro da humanidade. Isso porque a família representada no desenho vivia na Era Espacial, em que carros voavam pelo céu, robôs eram responsáveis por desempenhar (chatas) tarefas domésticas e boa parte da estrutura urbana se encontrava na altura das nuvens.

De lá para cá, meio século se passou e ainda estamos distantes desse futuro idealizado, apesar do desenho ser ambientado no ano de 2062. Por outro lado, coisas até então improváveis, como videoconferência e computador pessoal, viraram algo comum muito antes do previsto pela dupla Hanna-Barbera. O fato é que, além de entreter, os cartunistas estavam prestando um serviço ao projetar um futuro.

“Um dos propósitos de preocupar-se com o futuro é auxiliar as pessoas a se prepararem para um amanhã tão acelerado. Primeiramente, ao fazê-las tomar ciência das mirabolantes invenções prestes a deixar os laboratórios de pesquisa e tomar o mercado”, diz Mario René Schweriner, professor e coordenador do curso de ciências sociais e consumo da ESPM.

O primeiro passo é entender que uma tendência parte de uma necessidade ou um desejo humano que, por sua vez, está inserido em um contexto social. A partir daí, começamos a observar expressões recorrentes de como essa necessidade/desejo se manifesta nas ruas.

Ou seja, tendência é a forma com que as pessoas respondem às suas necessidades e desejos dentro de um certo contexto social e de um determinado momento no tempo. Por isso, observar e estudar cada uma delas é fundamental para nos antecipar, pensando, repensando ou criando novas marcas, produtos e serviços capazes de satisfazer esses novos padrões de comportamento.

Cara ou coroa

Muitos futurólogos (imagina tentar explicar essa profissão para seus pais sem parecer um vidente de anúncio de poste?!) afirmam que a humanidade irá testemunhar mais mudanças em seu modo de vida nas próximas décadas do que viveu ao longo do último milênio. Entretanto, apesar de não terem nada de clarividente e se basearem em informações, esses estudos se assemelham às previsões de Mãe Dinah em um ponto: podem ou não se concretizar.

“Se boa parcela das previsões elaboradas pelos futurólogos em um passado de 50, 100 ou 150 anos tivesse se concretizado, nosso dia a dia seria bem diferente. Tanto para o bem, quanto para o mal”, lembra Mario René Schweriner.

O dia depois de amanhã

É muito arriscado fazer previsões, especialmente sobre o futuro – parafraseando Arthur Clarke, inventor e autor de obras de ficção científica como o conto The Sentinal, que serviu de inspiração para o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.

Mas, como nós adoramos viver perigosamente, reunimos uma série de tendências que revelam como serão nossas vidas em alguns anos, de acordo com as perspectivas dos nosso entrevistados e de pesquisas realizadas pela Hyper Island e pela Euromonitor International. Se elas vão se concretizar ou não, só o tempo dirá.

1. CONSUMO


> Vamos comprar menos:
não precisaremos mais adquirir e nem possuir muitas coisas. Quase tudo poderá ser alugado, dividido, compartilhado ou acessado digitalmente. O sucesso de empresas como Uber e AirBnb é um exemplo da força dessa tendência.

> Consumiremos com propósito: já entendemos que a forma como estamos comprando não é sustentável para o meio-ambiente e nem para nossas vidas. “Nesse contexto, presenciamos vários movimentos de consumo consciente e responsável”, explica Luiz Arruda, consultor sênior da WGSN Mindset.

> Seremos menos fiéis às marcas: menos influenciáveis aos apelos emocionais e bem informados, buscaremos a melhor oferta, aquela que agrega uma série de fatores como melhor custo-benefício, impacto socioambiental, relevância etc.

2. TRABALHO

> As equipes serão mais enxutas: times pequenos permitem um maior controle dos processos e da distribuição e realização de tarefas.

> Trabalho e vida pessoal cada vez mais homogêneos: internet, smartphones, notebooks, tudo isso derrubou as paredes dos escritórios. Por outro lado, estaremos disponíveis para o trabalho 24 horas, sete dias por semana.

> Mão de obra sob demanda: menos burocracia e pouco vínculo. Isso já acontece e deve aumentar nos próximos anos, principalmente com o crescimento de sites que colocam empresas e colaboradores em contato.

> Indústrias conectadas: a consultoria McKinsey Global Institute descobriu que o impacto da IoT, desde o uso de dispositivos para monitorar a saúde das pessoas até o de sensores que otimizam a manutenção de equipamentos numa fábrica, pode ir de US$ 3,9 trilhões até US$ 11 trilhões por ano em 2025. Estima-se que a área mais beneficiada seja a indústria, seguida pela administração das cidades.

3. ESTUDO

> O conhecimento será híbrido: o futuro pede profissionais com múltiplas instruções e habilidades diversas para desempenhar diferentes funções.

> Valorização das experiências: a educação, do ponto de vista formal, perde espaço. Certificados e títulos deixam de ter tanta importância.

4. MODA

> Peças que não foquem no gênero: a tendência é diminuir cada vez mais as classificações e padronizações. “Viveremos em uma sociedade ‘free-to-be’, na qual as identidades não são fixas ou rígidas, podendo ser transformadas diariamente com a ajuda da tecnologia”, relata o consultor sênior da WGSN Mindset.

> Relevância da cadeia de produção: depois da sustentabilidade,as marcas começam a se preocupar com sua eco-eficiência, buscando minimizar o impacto ecológico e maximizar a eficiência produtiva.

> O activewear continua em alta: as roupas com influência esportiva lançam um olhar mais prático para a moda. A tecnologia aparece como ponto fundamental, oferecendo desde tecidos de alta performance até os tão falados wearables.

5. VIDA E RELACIONAMENTOS

> Nossa rotina será superconectada: inúmeros aplicativos e gadgets vão mapear as mais diversas áreas da nossa vida – a perspectiva é que um consumidor médio possuirá mais de três devices, entre smartphones, tablets e notebooks. Além disso, todos eles deverão “falar entre si”, sem que nós, humanos, precisemos acioná-los.

> Sem distinção entre ON e OFF: nos próximos dois anos, cerca de 1,8 bilhão de pessoas terá entre 10 e 24 anos. Para eles, não haverá distinção entre real e virtual. Trocar mensagens com aquele amigo “desconhecido” no Snapchat ou sair para um cineminha com o brother de infância terão a mesma importância.

> Diversão norteada por algoritmos: a conectividade digital permitiu que nossa vida se tornasse um livro aberto para diversos softwares e marcas online. Com isso, nossas escolhas de músicas, filmes e viagens tendem a seguir as recomendações dessa leitura. Tenha cuidado e quebre essa bolha!

> A tecnologia vai enganar a morte: “A criogenia humana (técnica de manter corposs congelados durante longo tempo) e o transplante da mente humana poderão conduzir as pessoas a superar, pela primeira vez na história, as fronteiras da morte”, sugere o professor e coordenador do curso de ciências sociais e consumo da ESPM.

E aí, quais dessas tendências realmente veremos no futuro? Com as quais você fica empolgado e das quais tem medo?

 

Por Natasha Pinelli

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