Corrida por minerais do futuro pode colocar Bahia em mercado de R$ 1,2 trilhão

 Corrida por minerais do futuro pode colocar Bahia em mercado de R$ 1,2 trilhão

O futuro já começou é uma expressão consagrada nos últimos dias do ano. Porém, quando se trata da produção dos materiais que poderão tornar a vida no planeta sustentável e evitar uma catástrofe climática, o amanhã é agora e responde por um mercado potencial de R$ 1,2 trilhão – aproximadamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia. O Fórum Econômico Mundial estima um acréscimo anual US$ 5 bilhões a US$ 25 bilhões nas receitas minerais de países ricos nos recursos necessários.

Minerais como ferro, cromo, sílica, vanádio, níquel, cobre, manganês, urânio , grafita, fosfato, potássio, entre tantos outros, que já são importantes para dar suporte à vida moderna, nas mais diversas aplicações, vão compor, os equipamentos que permitirão ao mundo evitar o superaquecimento. Alguns destes, inclusive, são classificados como minerais do futuro, pela sua importância na indústria de energia renovável e na fabricação de veículos elétricos, que dependem muito de cobre, níquel, cobalto, manganês e lítio.

O cobalto, junto com o nióbio, tântalo, as terras raras, walfânio, Lítio, e mais alguns, são materiais considerados críticos, dada a sua importância para o futuro e por serem escassos.

Embora já produza níquel, titânio, cobre, urânio, sílica, cromo, vanádio, grafita, ferro e fosfato, a Bahia ainda enxerga o mercado dos minerais do futuro muito mais como uma oportunidade a ser aproveitada, do que como uma realidade consolidada. Existem importantes projetos de pesquisa no estado para a identificação destes produtos. Recentemente, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) licitou uma área na região Norte, além dela mesma estar estudando o potencial da Província no Norte do Estado.

Foi a partir de pesquisas da CBPM no passado que projetos de mineração do níquel de Itagibá, vanádio de Maracás, da areia silicosa (sílica) de Belmonte e de fosfato em Irecê, entre outros, foram viabilizados.

Segundo Manoel Barretto, diretor técnico da CBPM, o desenvolvimento da mineração na Bahia é uma política de Estado. Ele destaca que ações ligadas à pesquisa mineral realizadas pela empresa receberam R$ 92,5 milhões no Plano Plurianual de 2020/2023, sendo que R$ 25 milhões foram executados até o último mês de novembro. “Atualmente, a CBPM tem 28 contratos de pesquisa complementar com promessa de arrendamento e 21 contratos de arrendamento”, diz. As pesquisas envolvem várias substâncias minerais, com destaque para níquel, cobre, cobalto, ouro, vanádio, rocha fosfática, bentonita, areia silicosa de alta pureza, argilas, quartzo e feldspato, com localização espacial em todo território baiano.

““Atualmente, a CBPM tem 28 contratos de pesquisa complementar com promessa de arrendamento e 21 contratos de arrendamento”

A baiana Luciana Gutmann, que há um ano lidera uma iniciativa que busca garantir os minerais críticos para a transição energética, no Fórum Econômico Mundial (FMI), como bolsista da Eurasian Resources Group (ERG) – grupo internacional que é dono da mineradora Bamin –, acredita que o maior desafio do setor mineral está no desequilíbrio atual entre a oferta e a demanda dos produtos.

Neste primeiro ano de trabalho, a iniciativa mapeou 30 riscos e definiu 25 estratégias para assegurar a produção dos materiais necessários a uma transição segura e eficaz. No próximo ano, a iniciativa deve se debruçar detalhadamente sobre o desenvolvimento de três estratégias, diz: diálogos sobre políticas, mobilização de investimentos e aceleração da inovação.

Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), acredita que a atividade deve ganhar cada vez mais espaço nas discussões a respeito do clima, com participação cada vez mais ativas nas próximas COPs (encontros globais para tratar do assunto).

Segundo Jungmann, a COP28 reforçou a mensagem de que a mineração tem o potencial de ser uma protagonista nos esforços para combater as mudanças climáticas e deixar um legado sustentável para as futuras gerações. O Ibram participou de oito painéis na COP, onde demonstrou que a mineração brasileira é uma agente que exporta soluções para os parceiros comerciais do país.

“Os minérios desempenham um papel crucial e estratégico no desenvolvimento das tecnologias necessárias para fornecer fontes limpas e contínuas de energia ao planeta. Não há possibilidade de transição para uma economia de baixo carbono sem os chamados minerais críticos”, avalia Jungmann.

“Os minérios desempenham um papel crucial e estratégico no desenvolvimento das tecnologias necessárias para fornecer fontes limpas e contínuas de energia ao planeta. Não há possibilidade de transição para uma economia de baixo carbono sem os chamados minerais críticos”

O presidente do Ibram avaliou na COP28 que o Brasil possui uma janela de oportunidades na transição energética global, com um potencial de investimentos de US$ 1,2 trilhão até 2030, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Isso representa não apenas uma oportunidade para a transição energética, mas também para o país em termos de empregos e tecnologias. “O Brasil não pode perder essa oportunidade”, afirmou.

Entretanto há um longo caminho até tornar realidade essas oportunidades. Apenas 4% do território brasileiro possui mapeamento adequado para atividades minerárias. Além disso, é necessário o estabelecimento de linhas de financiamento alinhadas às características do setor mineral brasileiro, aponta o dirigente do Ibram. Para ele, o país precisa desenvolver uma política nacional de estímulo à produção de minerais críticos para a transição energética, fortalecer e estruturar uma Agência Nacional de Mineração e estabelecer uma legislação que reconheça a mineração como estratégica para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do país, ao mesmo tempo em que reduz as barreiras impostas por entes federativos que impactam negativamente a atividade minerária com a criação de tributos e encargos sucessivamente.

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