Decisão sobre extradição de Carla Zambelli está nas mãos do governo italiano

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália, e agora aguarda uma decisão das autoridades italianas sobre sua possível extradição para o Brasil. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão pelos crimes de falsidade ideológica, invasão de sistema eletrônico e inserção de documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli havia deixado o país em junho e passou por Argentina e Estados Unidos antes de se fixar na capital italiana.
O processo de extradição foi iniciado pelo governo brasileiro, que já enviou o pedido formal ao Ministério do Interior da Itália. A Justiça italiana terá inicialmente 48 horas para decidir sobre a manutenção da prisão da parlamentar. Em seguida, caberá ao governo italiano, por meio do Ministério do Interior, avaliar o mérito da solicitação brasileira, o que pode levar até dez dias. No entanto, especialistas apontam que o caso pode se arrastar por meses ou até anos, especialmente diante de fatores que aumentam sua complexidade — entre eles, o fato de Zambelli possuir cidadania italiana e já ter anunciado a intenção de pedir asilo político no país europeu, sob o argumento de estar sendo perseguida por motivações ideológicas.
Zambelli estava vivendo em um apartamento nos arredores do Vaticano, cedido por uma brasileira residente na Itália. Sua localização foi revelada pelo deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, que fez a denúncia às autoridades locais. Desde então, Bonelli afirma estar recebendo ameaças de morte nas redes sociais por conta de seu envolvimento no caso.
A defesa da parlamentar tenta enquadrar o caso como uma perseguição política e, com isso, evitar a extradição. No entanto, juristas brasileiros destacam que o tratado de extradição entre Brasil e Itália não impede que cidadãos italianos sejam extraditados, desde que não haja evidências de perseguição. A decisão final, portanto, dependerá de uma avaliação política e diplomática do governo italiano.
Enquanto isso, Zambelli permanece presa, à espera de uma audiência de custódia e da manifestação oficial do Executivo italiano. O caso repercute intensamente no cenário político brasileiro, reacendendo discussões sobre o uso da dupla cidadania como recurso para fugir da Justiça e levantando questionamentos sobre os limites entre imunidade parlamentar e responsabilidade criminal. O desfecho do processo poderá marcar um precedente importante nas relações jurídicas internacionais entre Brasil e Europa.