Deputado Leandro Jesus comenta decisão do TJ-BA sobre CPI do MST e convoca caravana para mostrar violência no campo

Em tom de indignação, o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) criticou a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) que, por 10 votos a 9, rejeitou a criação de uma CPI para investigar invasões de terras no estado. O parlamentar, autor do requerimento da CPI, classificou o resultado como uma injustiça contra famílias rurais vítimas de violência e convocou autoridades a testemunharem pessoalmente a situação no Extremo Sul baiano.
Em entrevista à imprensa, Leandro de Jesus descreveu cenas chocantes de ataques a propriedades rurais: “Mulheres grávidas fugindo na madrugada, senhoras espancadas até a desfiguração, famílias dormindo em rios para escapar de homens armados com fuzis e porretes”. O deputado enfatizou que as vítimas são, em sua maioria, pequenos proprietários – não “latifundiários bilionários”, como diz o estereótipo – e destacou que indígenas legítimos também sofrem ameaças de facções criminosas infiltradas.
O parlamentar estendeu um convite público a desembargadores (tanto os que votaram a favor quanto contra a CPI), colegas deputados e imprensa para visitarem a região: “Vamos ouvir o choro das mulheres que viram seus maridos serem torturados com armas enfiadas na garganta”, desafiou, afirmando que tem vídeos e registros policiais que comprovariam os crimes. Ele citou casos específicos, como o de um homem que teve a pele das costas arrancada durante espancamentos.
Leandro questionou os motivos por trás da rejeição da CPI, ecoando o voto do desembargador Cássio Miranda, favorável à investigação: “A quem interessa esconder quem lucra com essas invasões? São crimes organizados, extorsão, latrocínio!”. O deputado alertou que a impunidade afeta toda a sociedade baiana, já que a insegurança no campo pode elevar preços de alimentos como carne e leite.
Apesar da derrota no plenário do TJ-BA, o deputado adiantou que sua equipe jurídica avalia recursos. Ele encerrou com um apelo: “Se não for por humanidade, que seja por interesse: o colapso no campo é uma conta que todos pagarão”. A fala reforça sua tese de que o tema ultrapassa fronteiras partidárias e exige ação conjunta.
A CPI foi inicialmente barrada pela ex-presidência da ALBA em 2023, mas ganhou força com liminar do TJ-BA em março de 2025. A decisão foi derrubada nesta quinta-feira (10), sob o argumento de que questões agrárias são de competência federal.