Diversidade artística invade o Cine Teatro Lauro de Freitas durante o Novembro Negro
“Respeito é a minha religião”. Ecoou das vozes de integrantes do Polo de Atores de Lauro Freitas, nesta quinta-feira (28), no palco do Cine Teatro, no Centro. A intervenção cênica, que tratou da intolerância religiosa sofrida por adeptos do candomblé e umbanda, foi uma das apresentações da “Agitação Cultural” do Novembro Negro.
Tomada por um circuito da diversidade artística, a “Agitação Cultural” transferiu para o público reflexões do mês dedicado a consciência negra. Entre a musicalidade da Orquestra de Pandeiros, a Cia de Teatro Municipal encenou o esquete “Filhos da África”, uma analogia do genocídio da população negra na época da escravidão com os dias atuais.
No foyer do Cine Teatro, o historiador Gildásio Freitas lançou o cordel “Festas e Bambas de Santo Amaro do Ipitanga. Segundo o autor, a literatura foi inspirada em mestres e mestras da cultura popular dos bairros de Lauro de Freitas. O cordel aborda história de pessoas que fortalecem tradições como o terno de reis, rezadeiras, confecção de balaio, e outros aspectos da cultural local.
Cantoria e embolada do cordel foram representadas pelo sotaque nordestino do violeiro Osmar Machado. Com outros escritores do município, o professor Gildásio fez o relançamento do Livro “De Ipitanga a Lauro de Freitas – Narrativas históricas do povo ipitanguense”. A intervenção cênica do Polo de Atores – Filhas da África – levantou questionamentos sobre o estupro de mulheres negras.
As influências da cultura africana também foram referenciadas pelo grupo Ritmos e Cores que dançou ao som de músicas do Ilê Aiyê. O jovem Ramon Mata, morador de Vida Nova, mostrou a arte traduzida pelo movimento do corpo com a performance “Obstáculos”. A obra “Veleiros do Inferno” foi recitada pelo próprio autor, Aloísio Lisboa.
O público ainda pode assistir ao curta-metragem “Terno de Reis Estrela Dalva”, produzido pelo Polo Audiovisual Piensaté. A apresentação “Navio Negreiros”, obra de Castro Alves, emocionou Patrícia Lima, moradora do Centro. “São cenas fortes que retratam o sofrimento de um povo escravizado. Tudo aqui foi bastante reflexivo hoje. Sem dúvidas, a cultura é capaz de transformar uma sociedade”, considerou.
Paulo Aquino, superintendente de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Ações Afirmativas (SUPIR), destaca que as atividades do Novembro Negro, além de promover reflexões, fortalecem as tradições do município. A Agitação Cultural foi encerrada com as apresentações de percussão do grupo Comando Negro e do Dj Katy Apina. Espaços do Cine Teatro ganharam cor e expressões com as obras de Sivú Art’s.