Divisão entre governadores leva Alckmin a cancelar reunião do Fórum sobre tarifaço dos EUA

O encontro extraordinário entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e governadores dos estados brasileiros, que estava previsto para esta quarta-feira (30), foi oficialmente cancelado diante da baixa adesão e do racha político entre os chefes estaduais. A decisão foi confirmada pela vice-presidência da República e pelo coordenador do Fórum de Governadores, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
A reunião tinha como objetivo discutir uma resposta coletiva dos estados às novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — medida que vem sendo chamada de “tarifaço” e que pode causar prejuízos bilionários à economia nacional, especialmente em setores de exportação como fruticultura, indústria e pesca.
Divisões políticas minaram o encontro
A articulação foi enfraquecida pela falta de interesse de diversos governadores, sobretudo os alinhados ao campo bolsonarista. Parte deles optou por não comparecer ou enviar representantes, enfraquecendo o objetivo do encontro. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por exemplo, alegou compromissos previamente agendados como justificativa para sua ausência.
Aliados do ex-governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também desestimularam a reunião, argumentando que o fórum seria “inócuo” sem uma linha direta de negociação com o presidente americano, Donald Trump, verdadeiro responsável pela imposição tarifária.
Tensão política e cálculo estratégico
O cancelamento do encontro expôs um racha ideológico entre os governadores. Setores mais à direita enxergam o Fórum como uma ferramenta para fortalecer a imagem do governo federal — o que acabou dificultando a construção de uma frente unificada contra o tarifaço.
Nos bastidores, avalia-se que o esvaziamento da reunião também é fruto de um cálculo político: ao não participar, governadores críticos ao Planalto evitam contribuir para a construção de uma pauta que possa ser capitalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Caminhos incertos
Com o cancelamento, não há nova data prevista para a realização do encontro. Até o momento, tampouco foram anunciadas reuniões setoriais ou outras articulações formais para enfrentar a crise tarifária imposta pelos EUA. A tendência é que os estados, diante da ausência de consenso, sigam caminhos individualizados na tentativa de proteger seus setores produtivos.
O encontro com Alckmin foi cancelado por falta de adesão e divisão política entre os governadores; A pauta seria o tarifaço imposto pelos EUA, com impacto direto nas exportações brasileiras; Governadores bolsonaristas boicotaram o fórum, alegando ausência de diálogo com Trump e receio de beneficiar o governo Lula; Não há previsão de nova reunião, e os estados devem atuar isoladamente diante da crise.
A expectativa agora recai sobre eventuais iniciativas do governo federal ou articulações paralelas dos estados mais afetados, em busca de alternativas comerciais e proteção aos setores vulneráveis.