Elenco de “Casa dos Artistas” lembra estreia secreta e choro de Silvio
Primeiro reality show de confinamento da TV brasileira, “Casa dos Artistas” comemora 15 anos de sua estreia nesta sexta (28). Em 2001, Silvio Santos lançou o programa na surdina e surpreendeu o público ao reunir 12 famosos em uma casa. A repercussão e a pressão da Globo, que acusou o SBT de plágio do “BBB”, impulsionaram a audiência da atração, a maior da história da emissora.
A primeira “Casa” durou sete semanas e foi gravada em um imóvel colado à mansão de Silvio Santos no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, com 33 câmeras e 35 microfones. Os competidores descobriram que foram vizinhos do apresentador somente após o programa. Aliás, eles nem desconfiaram que ficariam presos em uma residência.
Os participantes da “Casa” contam que tiveram que guardar segredo sobre o programa. “Fui ao programa do Silvio, ele me chamou no camarim e perguntou se eu não queria participar de um reality show que eu nem sabia o que era nem ele podia explicar”, relembra Mari Alexandre, terceira colocada.
“Só falaram que não era novela. Tinha que trabalhar e topei, assinei um contrato de confidencialidade. Foi secreto mesmo”, afirma Taiguara Nazareth, quinto eliminado. “Tivemos que ir de olhos vendados do SBT até o Morumbi para já psicologicamente ir mexendo com a gente”, recorda Patrícia Coelho, que ficou em quarto lugar.
O projeto era desconhecido até dentro do SBT. Apenas alguns executivos e o diretor do programa, Rodrigo Carelli, sabiam dos planos de Silvio. Carelli, então com 33 anos, foi um dos profissionais da MTV chamados para trabalhar na “Casa”: “Era tão secreto que eu entrevistava pessoas para a equipe na praça de alimentação de um shopping”.
Elenco foi formado às pressas
O SBT fechou o elenco da primeira “Casa” dois dias antes da estreia do programa. As negociações duraram menos de três semanas, tempo recorde (“BBB” e “A Fazenda”, por exemplo, levam meses), porém um participante recuou na antevéspera e Carelli teve de chamar uma ex-colega de MTV, a atriz Bárbara Paz, que venceu o reality.
“Nunca imaginei que a casa fosse um estúdio, essa coisa de reality não existia no Brasil. Fui realmente a cobaia, porque nem assistia muita televisão, não tinha tempo”, lembra Bárbara.
Vice-campeão, Supla havia retornado ao Brasil após sete anos para ajudar na campanha de sua mãe, Marta Suplicy, à prefeitura de São Paulo. Na “Casa”, ameaçou sair do programa, namorou Bárbara Paz e viu sua carreira musical ressurgir: “Eu ia voltar para os Estados Unidos, [pensava] ‘o que estou fazendo aqui?’. Ainda bem que fiquei. Foi o meu renascimento no Brasil”.
Ao longo do programa, outros participantes deram dor de cabeça para a direção. Leandro Lehart desistiu após nove dias por causa de seu filho recém-nascido. Alexandre Frota, um dos competidores mais populares e controversos, chegou a pular o muro da mansão, porém foi convencido por Silvio a voltar. Foi a única interferência do patrão nas regras do programa.
“Frota queria que todo mundo saísse, como revolta. Ele acabou saindo e depois voltando, e criamos aquele momento em que ele tinha que pedir para os outros deixarem ele ficar. Ele, com a lábia que tem, convenceu todos”, conta Carelli. Para ele, Frota não era o mais rebelde: “Mateus Carrieri era o mais revoltado, achava que estava em uma pegadinha gigante”.
Segundo eliminado, Marco Mastronelli foi considerado “chato” por discutir com os participantes. De acordo com o ator, que mora nos Estados Unidos há 24 anos, foi uma estratégia para sair do programa sem desistir: “Eu não poderia ficar mais do que duas semanas, senão perderia minha residência nos Estados Unidos. Planejei uma briga com as meninas, fiz um drama para sair com mais ibope”.
Por Paulo Pacheco