Em evento na Bahia, Moro diz que corrupção na Petrobras era regra do jogo 

O juiz Sérgio Moro, conhecido pela atuação à frente da Operação Lava Jato, participou nesta sexta-feira (4) do VI Encontro Nacional de Juízes (Enaje), que acontece em Porto Seguro, na Bahia. Durante o discurso ele falou como iniciou a Lava Jato e a surpresa com a dimensão que tomou. “A Operação Lava Jato começo com quatro indivíduos, envolvidos em lavagens de dinheiro. A polícia tropeçou em uma prova que um desses indivíduos matinha uma relacionamento pessoal com um ex-diretor da Petrobras. Não se tinha, naquele momento, nenhuma ideia da dimensão que o caso iria se tornar”. 
 

“No desdobramento começou a constatar que esses profissionais controlavam diversas empresas de fachadas e as contas dessas empresas recebiam depósitos milionários de algumas das principais empresas de construção civil e industrial do Brasil, fornecedoras das Petrobras de serviços e obras. Isso e a relação pessoal desses indivíduos levantaram uma bandeira vermelha. Descobrimos contas secretas no exterior sem declarar as autoridades públicas e com isso provas significativas de corrupção”, completou.  

 

Ainda no evento, ele citou que quatro ex-diretores da estatal mantinham conta no exterior. “Existem 4 ex-diretores que foram condenados e todos mantinham contas secretas no exterior com saldos milionários, na Suíça, Luxemburgo, etc. O fato que chamou atenção é que no curso das investigações eles fecharam as contas e transferiram para bancos locais […] A corrupção fazia parte de um sistema, havia pagamento de propina distribuídos entre vários partidos como uma regra pré-estabelecido. Mesmo que o partido não tivesse uma relação direta o esquema”. 

 

Conforme Sergio Moro, a corrupção não ocorria como uma exceção, mas como um padrão de comportamento. “Era uma espécie de regra do jogo”, disse. As regras era muito definidas se cobravam 1 ou 3 % dos contratos. Ainda de acordo com o juiz, os contratos milionários eram divididos entre dirigentes da empresa e partidos políticos, inclusive partidos que se encontravam de lados opostos.

 

O Encontro Nacional de Juízes, realizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), segue até o sábado (05). O evento conta com nomes do judiciário brasileiro. Entre os palestrantes estão o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia; o ministro Ricardo Lewandowski; o juiz Sérgio Moro e o italiano Gherardo Colombo, que atuou como juiz e procurador na Mãos Limpas, na década de 90.

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