Estratégia do Planalto mira 2026 e reduz atritos com Centrão e oposição

O Palácio do Planalto trabalha com uma postura mais cautelosa para 2026. Em ano eleitoral, a orientação dentro do governo de Lula (PT) é evitar o envio de novos projetos de grande impacto ao Congresso Nacional, numa tentativa de reduzir tensões com a Câmara e o Senado e minimizar desgastes políticos às vésperas das eleições.
A avaliação entre petistas e aliados é de que o cenário de 2025, marcado por embates frequentes com o Parlamento, não deve se repetir. A estratégia é preservar uma relação minimamente estável com deputados e senadores, especialmente diante de um Congresso mais sensível às pressões regionais e eleitorais no próximo ano.
De acordo com apuração da coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, o plano passa por frear novas iniciativas do Executivo e concentrar o debate em propostas que já estão em tramitação. Entre elas está a PEC que propõe o fim da escala de trabalho 6×1, considerada uma das principais bandeiras do PT e de partidos aliados no período pré-eleitoral.
A proposta, no entanto, deve avançar apenas mediante negociação. Lideranças do Centrão admitem discutir o tema, desde que o governo aceite ceder em pautas consideradas prioritárias para o grupo, mantendo a lógica de troca que costuma marcar votações sensíveis no Congresso.
Outra matéria que segue no radar do Planalto é a chamada PEC da Segurança Pública. Internamente, a proposta é vista como uma aposta do governo para pautar o debate nacional sobre o tema, mas deve passar por ajustes relevantes durante a tramitação na Câmara, refletindo a correlação de forças no Legislativo.
O freio em novas propostas ocorre após um 2025 de agenda intensa. No último ano, o governo conseguiu aprovar medidas importantes, como a reforma do Imposto de Renda e o aumento da tributação sobre bets e fintechs. Em contrapartida, enfrentou forte resistência em projetos como o PL Antifacção e a PEC da Blindagem, episódios que contribuíram para o desgaste da relação com o Congresso.
