Estudantes do Colégio Social de Portão desenvolvem audiovisual sobre ameaças ao Rio Joanes
Um projeto de arte-educação voltado ao protagonismo estudantil tem contribuído para que os estudantes do Colégio Social de Portão, no município baiano de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana do Salvador, mobilizem a comunidade estudantil e as famílias sobre as ameaças e cuidados necessários para a conservação do Rio Joanes. Na escola – instituição conveniada ao Governo do Estado da Bahia –, este alerta perpassa diferentes ações pedagógicas, envolvendo música, dança, artes plásticas, teatro e cinema, com destaque para as produções de audiovisual do Núcleo de Cinema e Vídeo.
Através do projeto de audiovisual, os alunos criam vídeos interdisciplinares, como os ‘SOS Rio Joanes’ e ‘A Lágrima de Potira’, premiados no Produções Visuais Estudantis (Prove) – projeto estruturante da Secretaria da Educação do Estado. Para a realização do ‘SOS Rio Joanes’, os estudantes foram sensibilizados a partir do teatro para despertar neles o interesse em pesquisar sobre a importância desse rio, que nasce no município de São Francisco do Conde, localizado no Recôncavo da Bahia, e desemboca na Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, onde se localiza o colégio. Trata-se de uma área de preservação ambiental por ser responsável por cerca de 40% do abastecimento de água da Região Metropolitana de Salvador.
Depois de realizarem pesquisa sobre o rio, os alunos reproduziram o conhecimento adquirido através de desenhos e pinturas, que foram espalhados por toda a escola. Eles desenvolveram, também, cordéis, composições musicais, peças teatrais e coreografias, que são apresentados no próprio colégio, tudo registrado em vídeo, cuja trilha sonora é assinada pelo cantor, compositor e instrumentista Gereba Barreto.
Para a coordenadora do projeto e arte-educadora, Petinha Barreto, a produção dos vídeos pelos alunos é a prova do quanto a arte pode ser uma parceira no seu amadurecimento como ser humano. “Através de projetos culturais, os estudantes são estimulados à criatividade e ao gosto pelo ambiente escolar e pelas disciplinas do currículo regular. A arte está vinculada à Educação, ou seja, elas complementam os conhecimentos. E é dentro desse processo que os alunos aprendem de forma lúdica conteúdos de Geografia e de Meio Ambiente, por exemplo, a partir da música ou do teatro”, explica a educadora.
A ação acabou contribuindo para despertar uma consciência maior na comunidade estudantil e suas famílias sobre a necessidade de cuidado com o Rio Joanes, segundo afirma Petinha Barreto. “No final da mostra, estudantes, pais de alunos e outros expectadores estão todos integrados e imbuídos na ideia de preservar o rio. Após as atividades, eles deixam mensagens escritas, no mural da escola, com sugestões sobre como a população deve agir para que o Joanes sobreviva”, conta.
Diversidade cultural – O trabalho, conforme a diretora do colégio, Débora Fontes, busca, sobretudo, o desenvolvimento integral aos estudantes por meio da ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas que qualifiquem o processo educacional e melhorem o aprendizado dos alunos. Além disso, agendas são marcadas para a abertura do colégio aos sábados e domingos para a comunidade escolar e os pais de alunos. “A proposta é desenvolver uma educação diferenciada, focada na valorização da diversidade cultural e no respeito às diferentes etnias. Com o trabalho, os estudantes ganham autoconfiança e autoestima, se sentem valorizados e estimulados a se tornarem cidadãos capazes de construir a harmonia social”, ressalta a gestora.
Railândia Ribeiro de Souza, 25 anos, que acaba de concluir o Ensino Médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), é uma das mais entusiastas do projeto. “A diretora e a professora Petinha abriram as portas para mim e, graças a elas, consegui concluir a EJA e, principalmente, a participar das atividades de arte, que muito me ajudaram a ter confiança em mim, porque aprendi a manusear uma câmara de filmagem, a editar fotos e vídeos, a contar uma história”, declara ela, revelando que nem mesmo um Hemangioma (má formação genética vascular) a impediu de buscar o seu crescimento educacional.