EUA, Brasil e Espanha lideram desinformação contra vacinas da Covid-19

 EUA, Brasil e Espanha lideram desinformação contra vacinas da Covid-19

Posts com informações falsas têm lançado dúvidas sobre as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus. Publicações desmentidas em pelo menos 38 países atribuem a esses protótipos falsas mortes e efeitos colaterais, e tentam impulsionar teorias da conspiração sobre futuras imunizações contra a Covid-19.

Das 502 checagens sobre vacinas publicadas em todo o mundo desde o início da pandemia, 144 desacreditaram os esforços científicos para encontrar uma proteção contra a Covid-19. Estados Unidos (19), Brasil (14), Espanha (14), Itália (11) e Ucrânia (10) foram os países com o maior número de verificações sobre o tema.

A maior parte das verificações (35) desmentiu relatos de mortes de participantes dos testes de alguma das vacinas em desenvolvimento.

A “vítima” mais antiga teria sido a voluntária Jennifer Haller, primeira pessoa a receber uma dose experimental da imunização em estudo pela empresa Moderna. Em março, a notícia falsa de sua morte circulou por países do Oriente Médio. Outro boato semelhante ganhou força no mês seguinte.

No final de abril, espalhou-se por EUA, Itália, Índia, Sri Lanka e Reino Unido a notícia falsa da morte de Elisa Granato, primeira voluntária a participar dos testes da vacina de Oxford.

Outras peças falam sobre a morte de grupos de pessoas que teriam sido imunizadas. Na primeira história desse tipo, que circulou em abril, sete crianças teriam morrido no Senegal após receber a vacina contra o novo coronavírus. O boato se espalhou por República Democrática do Congo, Senegal, EUA, Espanha, África do Sul e Grécia, junto com um vídeo que, supostamente, mostrava um homem sendo preso por aplicar as injeções.

O homem detido na gravação estava, na verdade, disfarçado de agente de saúde para tentar vender produtos e, por isso, foi denunciado. Ele não vacinou ninguém.

A aplicação de uma imunização experimental também teria matado duas crianças na Guiné, 21 pessoas na Nigéria, quatro militares ucranianos e cinco pessoas nas Filipinas. Nada disso ocorreu.

Na mesma linha, publicações fantasiosas dizendo que a vacina provoca reações adversas ou problemas de saúde foram desmentidas ao menos 28 vezes. Personalidades públicas como o polêmico infectologista francês Didier Raoult, o ex-presidente americano Barack Obama e o diretor do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, Anthony Fauci, teriam alertado sobre os perigos desse tipo de produto.

Até mesmo Melinda Gates, esposa do cofundador da Microsoft, Bill Gates, teria se divorciado ao descobrir que a vacina financiada por sua entidade seria usada para destruir a África. A Fundação Bill e Melinda Gates apoia o desenvolvimento de uma imunização pelo laboratório americano Inovio Pharmaceuticals.

Como os esforços do casal Gates contra a Covid-19 têm sido atacados com desinformação desde o início da pandemia, projetos ligados à vacinação se tornaram um dos alvos preferenciais. Posts falsos acusaram a entidade, por exemplo, de deixar cerca de 500 mil crianças paralisadas na Índia entre 2000 e 2017, por conta de testes de uma vacina contra a poliomielite. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não há casos da doença no país desde 2011.

Teorias da conspiração
Supostos objetivos secretos por trás da vacinação contra a Covid-19 também têm sido usados para desacreditar o trabalho dos laboratórios e espalhar pânico. Por conta de sua ligação com a tecnologia, Gates é citado como o vilão por trás desses “planos malignos” em várias das peças de desinformação. Dois temas apareceram em destaque entre as checagens desse tipo de conteúdo.

A teoria mais disseminada pelo mundo, com 30 desmentidos, diz que as vacinas servirão para controlar as pessoas pela inserção de um microchip no corpo de cada indivíduo imunizado. Isso abriria o caminho para que os cidadãos sejam monitorados pelo 5G, tecnologia ultraveloz de transmissão móvel de dados. O chip funcionaria ainda para modificar o cérebro de fanáticos religiosos ou para transformar as pessoas em comunistas. Nada disso é possível com tecnologias atuais.

A segunda tese fantasiosa que mais viralizou diz que a vacina ajudará a reduzir a população mundial. Uma parte dos posts afirma que isso se dará pela morte de milhares de pessoas –o que teria sido admitido pelo próprio Bill Gates – ou de idosos pela imunização.

Perto de 97% dos indivíduos que receberem a proteção contra o novo coronavírus também poderiam se tornar estéreis, segundo conteúdo publicado na Austrália. Nenhuma das informações tem qualquer respaldo científico.

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