Facebook enfrenta problemas com novo algoritmo de notícias populares
No Facebook Inc., nem sempre o algoritmo sabe mais.
No fim de agosto, a rede social tornou um algoritmo responsável por sua ferramenta de tópicos mais populares, lançada em 2014, que seleciona os assuntos, artigos e palavras-chave mais acessados.
A mudança ocorreu depois de alegações há alguns meses de que as pessoas contratadas para cuidar da seleção das notícias que seriam manchetes realizavam a escolha motivados por razões políticas.
Ainda assim, nos últimos dias, a lista dos temas mais populares apareceu mais falha do que quando as pessoas estavam no comando. Havia histórias falsas, palavras-chave identificadas incorretamente e fofocas de celebridades no lugar de notícias mais sérias.
“Isso não parece uma solução apropriada”, diz Jason Turcotte, professor assistente de comunicação da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia, em Pomona. “Os algoritmos não respondem necessariamente aos valores jornalísticos ou à ética jornalística. Os algoritmos respondem a palavras-chave, termos de busca e tendências.”
Ao se desfazer da equipe dos curadores de notícias que operavam a ferramenta dos tópicos mais populares, o Facebook redefiniu o que considera notícia. Ele mudou as diretrizes para o recurso, dando mais importância para pequenas publicações. “Ele é intencionalmente amplo, então podemos incluir uma ampla gama de interesses”, afirmou o Facebook em diretrizes para sua equipe, publicadas no fim de agosto.
O Facebook tem ambições de usar o algoritmo para expandir a ferramenta dos tópicos mais populares.
“Um processo mais orientado pelo algoritmo nos permite dar escala aos [tópicos] mais populares para cobrir mais assuntos e torná-los mais disponíveis a mais pessoas globalmente com o passar do tempo”, afirmou o Facebook em um comunicado no mês passado.
Vários ex-curadores agora se questionam se o Facebook vai simplesmente se livrar do dispositivo.
“Se o Facebook queria dar escala ao módulo de [tópicos] mais populares, eles poderiam ter esperado até que o produto estivesse pronto”, diz um ex-curador de notícias do Facebook que deixou o emprego antes das mudanças.
O Facebook não respondeu a pedidos de comentário sobre o futuro do recurso. Ainda há um pequeno grupo de pessoas envolvidas no seu monitoramento.
As falhas recentes da ferramenta mostram como o Facebook luta com seu papel de empresa de tecnologia que fornece uma quantidade considerável de notícias. “Nós somos uma empresa de tecnologia, não uma empresa de notícias”, disse seu diretor-presidente, Mark Zuckerberg, em 29 de agosto, durante uma reunião na empresa transmitida pelo seu site.
A empresa foi atingida por críticas de que a ferramenta dos tópicos principais era tendenciosa, como foi afirmado em maio em uma matéria do blog de tecnologia Gizmodo. O Facebook negou que ela fosse tendenciosa.
Ao confiar nos algoritmos, a empresa se distancia do que aparece no site — apesar de o próprio algoritmo ter sido elaborado por humanos.
“Escolher o que destacar na seção de tópicos principais, seja por meio de algoritmo ou de humanos, é um processo editorial”, diz Zeynep Tufekci, professor adjunto da Universidade da Carolina do Norte que estuda o impacto social da tecnologia.
O Facebook se tornou uma importante fonte de notícias para os seus 1,71 bilhão de usuários. O mecanismo de tópicos mais populares seleciona aquelas mais comentadas pelas pessoas ou que registram um acentuado aumento na popularidade em um curto período de tempo.
Ele é diferente do feed de notícias principal, onde os usuários e as organizações de mídia também compartilham histórias. O feed dos tópicos mais populares está à direita do feed de notícias na página do Facebook em desktops; ele aparece no aplicativo móvel quando o usuário acessa a barra de busca.
Outras empresas de tecnologia também contam com algoritmos para trazer à tona as notícias. O Google News, do Alphabet Inc., usa centenas de sinais para compilar e classificar as histórias. A empresa afirma que busca trazer à tona histórias de “qualidade”, em parte selecionando artigos que são citados por outras empresas de notícias. O Google não escreve suas principais manchetes; ele só usa informações fornecidas por organizações de notícias.
A lista de tópicos mais populares do Twitter Inc. se parece com a nova versão da ferramenta do Facebook: uma lista de tópicos com o número de pessoas que estão comentando sobre eles.