Fim do Bompreço? O que está por trás do fechamento de lojas em Salvador
Três unidades do supermercado Bompreço serão fechadas em Salvador no dia 13 de dezembro. As lojas do Canela, Imbuí e Rio Vermelho instalaram placas que informam o encerramento das atividades na mesma data. Os fechamentos fazem parte de um contexto nacional de reposicionamento da marca. Em outubro, foi anunciado que o Grupo Carrefour, dono do Bompreço, contratou uma assessoria de investimentos para vender as unidades do Nordeste.
Não é exagero dizer que as lojas do Bompreço estão, aos poucos, desaparecendo das ruas de Salvador. A mais recente foi a unidade da Avenida Centenário, que foi convertida em Atacadão, em junho deste ano. O Atacadão faz parte do Grupo Carrefour. As unidades localizadas na Avenida Garibaldi, Brotas e Itapuã também já tinham sido substituídas pelos letreiros verde e laranja. A loja do Campo Grande também foi fechada neste ano.
No caso do Rio Vermelho, um novo supermercado, da marca Redemix, está sendo construído em um terreno ao lado. A previsão de inauguração é para abril de 2025. Antes, o terreno era ocupado pelo McDonald’s mais antigo de Salvador. Outra unidade da lanchonete também será inaugurada no terreno.
O Carrefour foi questionado sobre o encerramento das atividades do Bompreço, mas não informou se as duas unidades serão convertidas em outras marcas do grupo. O Atacadão é o maior atacadista brasileiro em número de lojas e está presente em todos os estados brasileiros. A notícia de fechamento das lojas gera corrida de clientes em busca de promoções em Salvador.
O economista Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, avalia que as mudanças promovidas pelo grupo fazem parte de uma estratégia de reposicionamento no mercado. “O grande foco do Atacadão é vender produtos em grandes quantidades para os clientes terem acesso a um preço menor por unidade. Com a aquisição do Bompreço, o Carrefour tem feito reposicionamento estratégico e de marca”, diz.
O especialista ressalta ainda que as mudanças são feitas após estudos. “Foram feitos novos estudos sócio-demográficos para ver qual a melhor bandeira para operar em cada um desses pontos, de acordo com o perfil do público e o potencial de consumo. Isso justifica o fechamento de algumas lojas, assim como a troca de marca”, explica Acilio Marinello. “É um movimento para potencializar a receita por loja e reduzir os custos”, resume.
Em outubro, foi anunciado que o Carrefour contratou o Banco de Investimentos Bradesco (BBI) para assessorar a negociação de lojas do Bompreço, no Nordeste, e da Nacional, na região Sul do país. Serão 65 lojas vendidas, sendo 18 delas no Nordeste, de acordo com informações do jornal Valor Econômico.
Antes disso, 10 unidades do Bompreço já haviam sido vendidas ao Grupo Mateus, do Maranhão. Apesar de não ter lojas em Salvador, a varejista inaugurou unidades em três cidades baianas: Juazeiro, Teixeira de Freitas e Jacobina. A reportagem questionou se há planos da rede Mateus inaugurar unidades na capital, mas a empresa não se manifestou.
Boicote
Enquanto fecha lojas em Salvador, o Grupo Carrefour, que tem origem francesa, enfrenta uma delicada situação nacional. Na semana passada, a JBS, um dos principais frigoríficos brasileiros, interrompeu o fornecimento de carne ao Carrefour. A ação foi uma resposta ao boicote anunciado pelo CEO da rede às carnes dos países que compõem o Mercosul. A Masterboi realizou a suspensão de 250 toneladas de carne aos supermercados da marca.
Na última quarta-feira (20), Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, anunciou o boicote como forma de solidariedade ao agronegócio da França, que tem se posicionado contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Para os franceses, os produtores da América do Sul teriam vantagens competitivas por não seguirem as legislações rígidas da Europa.
Para o economista Acilio Marinello, o efeito na vida dos brasileiros deve ser a diminuição da oferta de carne nas lojas do grupo Carrefour, que nega o desabastecimento. “A carne é um produto altamente perecível. Os estoques que os supermercados têm hoje devem durar, no máximo, quatro a sete dias”, avalia.
Fonte: Correio